sábado, 4 de abril de 2009

Entrevista com Drummond:




R: olá Drummond, como vai? O que fez você virar poeta?
D: Quando nasci um anjo torto desses que vivem nas sombras disse: “ vai Carlos ser guache na vida.” Então virei poeta, destino cruel.
R: você tem alguma recordação boa de sua infância?
D: Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo.
R: Bem, mudando um pouco de assunto. Vamos entrar em economia. Por que o senhor acha que o Brasil parou de crescer?
D: No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho.
R: e esse políticos, mensalão, acórdão, sanguessuga. Como o senhor define isso?
D: Quadrilha! Zé indicava Dirceu, que falava a Valdomiro, que aconselhava Valério, que falava a Roberto que dizia a lula que não sabia de nada. Zé ninguém nunca mais viu, Dirceu foi cassado, Valdomiro tá em acordo,, Valério perdeu os cabelos, Roberto virou cantor e Lula continua sem saber de nada.
R: O que devemos fazer para mudar isso?
D: precisamos redescobrir o Brasil!
D: Mas por quê?
D: o Brasil está dormindo, coitado.
R: R o senhor gostaria de ser político?
D: Não.
R: Por quê?
D: Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.
R: Soube que você tinha uma amante, logo você um poeta. Ora porque Drummond esse caso extraconjugal? Você parecia ser tão calmo.
D: Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer...
R: Você não gosta muito do futuro, mas então, o que mais te dá saudade?
D: Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!
R: e o que o senhor acha que como deve ser o namoro de hoje em dia?
D: Hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.
R: Eita desculpe seu Drummond, acho que perdi os papeis que tinham as outras perguntas. Vou procurar, espere um pouco tá?
D: e agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?
R: Preciso ir lá no camarim, você me espera?
D: sozinho no escuro qual bicho do mato, sem teoria, sem parede nua para encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
R: pronto voltei. Qual o conselho que você daria para quem está começando?
D: não faça versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia, diante dela, a vida é um sol estático, não aquece, nem ilumina. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
R: você parou de escrever, por que? Não diga que é por que você está morto, pois Brás cubas foi um defunto autor.
D: por que não serei o poeta desse mundo caduco.

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