domingo, 29 de março de 2009

Os defensores do povo e os direitos humanos na América latina( uma visão da guatemala)


Os defensores do povo e os direitos humanos na América latina
A ineficiência do Estado na proteção dos direitos das pessoas, principalmente as mais pobres, frente a administração pública e em contrapartida a não efetivação dos direitos sociais, levaram alguns paises da América central e sul da Europa a buscar na instituição escandinava o OMBUDSMAN, órgão, ou “pessoas” que tentam limitar a arbitrariedade administrativa, os “ defeitos da administração”. A função do ombudsman é de fiscalizar a atividade administrativa. A sua finalidade é obter um desenvolvimento correto da atividade administrativa e a tutela dos direitos dos administrados.
É um órgão eficaz para a proteção não apenas dos direitos civis e políticos, mas também dos direitos econômicos, sociais e culturais. Mas não só isso, na América Central emerge como uma instituição do estado que defende os direitos humanos da sociedade civil. Mas também vale salientar a sua conjuntura histórica para os paises da América central que vivem uma transição entre regimes autoritários para regimes democráticos[1] e a atuação do ombudsman é de fundamental importância para defender os direitos do cidadão comum, visto que pela própria deficiência do estado democrático e pela dificuldade de se estabelecer um governo democrático em países tão marcados pelo autoritarismo, um órgão que busque fiscalizar o Estado e lutar pelos menos favorecidos é, na verdade, um dos pilares da manutenção do Estado democrático. Ele não deve realizar uma atividade neutra ou de pura arbitragem, pois se assim for, os tribunais formais estão ai para isso, a atividade dele deve comprometer-se com a defesa dos cidadãos e na garantia de seus direitos.
O que se busca obter é que se atendam aos interesses dos habitantes que se modifiquem as atividades administrativas viciadas, ineficientes e excludentes, para que a sociedade participe como agente do controle social, promovendo com isso uma cultura de participação.
Fica importante deixar claro que a função do defensor do povo não é apenas denunciar, mas abrir processo, investigar e resolver litígios, de acordo com evidências. Sendo necessário para tanto o respeito das autoridades perante suas decisões e a publicidade de seus atos frente a mídia. Vemos com isso que relaciona-se intimamente com a função do processo, que é a pacificação social. É antes de tudo para evitar ou eliminar conflitos entre pessoas, fazendo justiça, que o Estado legisla, julga e executa[2].
Mas o Estado, como dito antes, é insuficiente para garantir o que propõem e portanto, surge o Ombudsman, usando dos moldes do estado e do processo para garantir a efetivação dos direitos desrespeitados.
Outro ponto que não podemos deixar de abordar é a do ombudsman sozinho mudar toda uma conjuntura fortemente arraigada em moldes pré-determinados e altamente excludente. Tendo em vista suas limitações porque ele atua em uma determinada parte de um processo social, e a sociedade não é só isso: existe a questão financeira, o extremo estado de pobreza que vivem muitas pessoas é um pressuposto para a incoerência ainda existente do Estado democrático mas que o ombudsman não pode resolvê-lo sozinho. A precariedade do ensino às pessoas, que leva ao processo de conscientização, de uma identidade cidadã de que ela possui direitos. Por mais que existam os ombudsman mas se não houver interesse, ou consciência do ofendido em procurá-los não poderá haver respeito ou efetivação de direitos ofendidos. Mas a manutenção desta estrutura é favorável a quem está no poder, pois usando dos parâmetros democráticos, como o voto, para buscar a legitimidade do governo das elites e prometendo aos desfavorecidos migalhas. O aumento da violência que muitas pessoas associam ao regime democrático, por haver liberdade, e muitos setores acusam os ombudsman de defender delinqüentes, mas como é sabido não defendem a delinqüência, ao contrário, atuam na defesa da ordem democrática e do respeito a lei[3].

Concorre a isto que nestes países que saíram de um regime ditatorial e a democracia foi impetrada nos moldes neoliberais que acreditavam que os entraves sociais se resolveriam pelas leis de mercado, funcionou para a manutenção do “status quo” e do aumento da marginalização. Sabemos que as leis de mercado não mudam situação social nenhuma, se não houver uma preocupação estatal em tentar ajustar seus entraves não é a mão invisível do mercado que o fará. E esta mudança de mentalidade está acontecendo, atitudes que visem a melhor estruturação dos menos favorecidos, mas caminha a passos lentos por conta de toda uma conjuntura historicamente arraigada, como exposto acima.



citações:


[1] Esta transição do autoritarismo para a democracia também foi vivenciada pela América latina. Aqui e mais basicamente no Brasil houve também uma procura na diferenciação de conjuntura para a efetivação de princípios democráticos salvaguardados pela constituição. A corrente do direito alternativo seria um tipo de ombudsman daqui. Com uma nítida diferença: aqui tenta-se a solução dos litígios e entraves do estado, tendo em vista a ineficiência do próprio, e o direito alternativo seria um outro direito proposto, o direito achado nas ruas. O direito feito pelo povo e do povo sendo regulado. O ombudsman é parte do Estado, mas totalmente independente do governo, trabalha para o estado e é salvaguardo da constituição, portanto não há uma ruptura ou implementação de outro modelo, mas uma tentativa de no mesmo modelo buscar a aplicação de direitos.
[2]PELLEGRINI, Adda Grinover. Teoria geral do processo. Editora Malheiros, 2009. pg 47
[3] É o mesmo que acontece com os defensores dos direitos humanos aqui no Brasil. Muitas vezes são motivos de piada levando nome de defensores de bandidos e sendo marginalizados nos tribunais que freqüentam por estarem defendendo os direitos de cidadãos comuns e não de pessoas de dinheiro.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Cada um no seu quadrado


A influencia da igreja católica é ainda muito latente no Brasil. O estado é laico porém na nossa cédula está escrito: “Deus seja louvado”; na constituição: “ ... promulgamos, sob a proteção de Deus...”nos tribunais temos a cruz sob a cabeça dos juizes. Enfim, mesmo sendo oficialmente laico a influencia religiosa é imensa. O problema mesmo não é a existência da religião, muita gente precisa ter fé em algo para poder sobreviver a cada dia, o problema é quando a questão de fé e crença intervém na política, nas decisões jurídicas e nas questões sociais de forma incoerente e autoritárias, renegando a constituição dos que os cerca.
A igreja católica é firme em seus comentários e definições e, muitas vezes, tal posicionamento não reflete o atual estado que se encontra a sociedade. É no mínimo ser genocida visitar a África e conclamar para que as pessoas não usem camisinha. A áfrica é uma campeã de AIDS e seus governos estão tentando diminuir tais indicies: educando o povo no uso de preservativos. Vem o Papa, um ente que se diz representante de Deus na terra, e com isso, impondo seu ponto de vista do mundo, impondo seus dogmas.
A fé é uma questão de aceitação, é diferente de conscientização que é uma questão de educação. A monogamia em muitas regiões da áfrica é algo que não pertence a sua cultura, impor a cultura da monogamia, uma cultura nitidamente ocidental crista é no mínimo desconsiderar fatores importantes na constituição da pessoa africana. Tal como ocorreu na catequização indígena.
O uso da camisinha é uma medida no mínimo coerente, pois não choca com a cultura, respeita e propõem uma continuação de preceitos.

Outro fato que choca e mostra o retrocesso dos pensamentos católicos foi o fato do Bispo de Recife e Olinda ter excomungado a criança de 9 anos por ter abortado e os médicos por terem realizado este ato. Católicos dizem que foi genocídio o aborto. Eu digo que primeiro: desrespeito maior foi com a criança que foi estuprada, sofreu uma violência sexual e teve com isso alguns de seus direitos fundamentais dirimidos. Segundo, genocídio seria deixar levar esta gestação seguir. Uma garota de 9 anos não possui constituição óssea, nem tampouco hormonal para suportar uma gestação. Ela poderia morrer, e junto dela seus dois filhos. Poderia não, era quase certeza que a gestação traria mais danos que qualquer outra coisa. Terceiro, a gestação é algo delicado, mulheres saudáveis às vezes abortam por complicações internas, ou morrem na hora do parto, quem dirá com uma garota de 9 anos. Um risco incalculável.
Além de contraditório, o posicionamento da área religiosa foi totalmente incoerente com a atual formação social, com o Estado e com a criança. Eu concordo que aborto é caso de saúde publica, algo que deve ser discutido, debatido e evitado. Mas não posso impedir uma mulher que foi estuprada de escolher o futuro de sua vida e dos entes que carrega.
A atual formação social não comporta mais imposições retrogradas como: faça sexo com fins de procriação, seja monogâmico, e quem não seguir estes preceitos será excomungado. A igreja sempre se mostrou como uma pedra na roda da história, seus posicionamentos sempre foram marcas de séculos anteriores ao que ela estava vivendo. A posição deles hoje é uma posição muito bem aceita na idade média, mas é de total incoerência com esta sociedade. Não proclamo a putaria, pegue quem quiser. Eu proclamo a liberdade de escolha, faça o que quiser a vida é sua e arque com suas consequências. As informações foram dadas, os riscos foram mostrados, quem quiser vá, quem não quiser não vá.
E no Brasil, um estado laico, independente de preceitos religiosos: seja católico, evangélico ou judaico. A religião não pode ser a mola mestra da sociedade como um todo, cada um é livre para ter a religião que quiser e fazer o que bem entender. A influência religiosa retoma a época que os monarcas tinham que ter a benção do papa para governar. Isso acabou, como também deve acabar a influência religiosa nas decisões cientificas( células tronco), políticas e sociais.
A intervenção na ciência calou Galileu no passado, a influência política calou as decisões políticas que eram incoerentes com princípios cristãos. E agora pergunto, a influência na sociedade vai acabar com a humanidade?

segunda-feira, 23 de março de 2009

conjugação astral


com a lua em vênus e o sol em marte, a conjugaçao das estrelas alfa e gama influencia na dosagem dos efeitos alcoolicos, então digo que hoje: segunda-feira é um dia bom para plantar morangos: STRAWBERRY FIELDS FOREVEN!

hoje to sem saco para postar algo

quarta-feira, 18 de março de 2009

Sentir



Ah como é bom sentir este amor
Dentro do peito:
Clamando, sentindo, esbarrando desejo.
Vivendo, cantando, sorrindo, amando...
Como pé bom

Fracos e fortes
Pobres e ricos
Quantos podem sentir
O que sinto?

A essência se eleva
O espírito não está em lugar nenhum.
A mediocridade some
E os desejos ganham outra conotação.

Que vontade...
Que vontade de te ver
Nem que seja de relance.
Não é para acalmar meu peito
Mas para elevar ainda mais
A chama que me consome.

Que vão desejo
Que grande ternura.
Minha alma cabe dentro da tua
Minha essência
Não vale sem vir da tua

entrevista com Manuel Bandeira


Repórter: olá bandeira, como vai?
Bandeira: vou-me embora pra pasárgada!
R: calma, nem comecei a entrevista.
B: mas vou-me embora pra pasárgada, pois lá sou amigo do rei...
R: eu sei, eu sei. Mas explique-me a sua poesia.
B: eu faço versos como quem morre.
R: hum, profundo. Existe algo que ao longo de sua vida você não pôde fazer?
B: bem... Quando eu tinha seis anos não pude ver o fim da festa de são João porque adormeci.
R: por que você gosta tanto de pasárgada?
B: lá eu tenho a mulher que quero na cama que escolherei.
R: o que fez você se chatear com o Brasil?
B: estou farto do lirismo comedido. Do lirismo bem comportado, do lirismo funcionário público com livro de ponto.
R: e como você avalia a sua vida?
B: a vida inteira que poderia ter sido e não foi.
R: e o que você acha do Brasil atual?
B: febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
R: e você foi namorador? Ou só ficava na poesia?
B: beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras que traduzem a ternura mais funda.
R: e o mundo: guerras, fome, morte... Qual seria a solução para tudo isso?
B: a solução é dançar um tango argentino.
R: sobre a juventude de hoje qual a sua análise.
B: enfunando os papos, saem da penumbra aos pulos, os sapos...
R: e o recife. Como você vê o recife?
B: recife morto, recife bom, recife brasileiro como a casa de meu avô.
R: e aquela cena de cicareli na praia, o que você acha?
B: foi o meu 1°alumbramento.
R: alguma última frase que deseja falar?
B: finalmente vou-me embora pra pasárgada. Aqui não sou feliz. Em pasárgada tem tudo é outra civilização.

segunda-feira, 16 de março de 2009

e o pós modernismo?

S
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sexta-feira, 13 de março de 2009

o fim da poesia


no dia que a poesia acabar

pode decretar o fim do mundo

porque não haverá quem cante

quando o sol raiar;

a mulher chorar;

ou o galo cantar.


no dia que a poesia acabar

teremos um único motivo

para viver:

ressuscitar a poesia!

pois ela morta

leva consigo o que temos de humano

leva nossa emoção.


no dia que a poesia acabar

é o fim dos romances

das loucuras

das aventuras

da solidão....

não há bomba que cause

mais efeitos que o fim da poesia

pois a poesia fala da bomba

mas a bomba não pode falar da poesia.


no dia que a poesia acabar

é porque não há um só ser humano

não há uma só caneta

o homem necessita de poesia

não para viver

mas para escolher

entre a solidão, o amor

ou as lembranças


no dia que a poesia acabar

somente neste dia

é que nada fará mais sentido.

domingo, 8 de março de 2009

mané gostoso e a nova forma de se pensar música.

Quando todos pensávamos que a música estava perdida e que o manguebeat seria o último movimento cultural que pernambuco seria o expoente eis que uma nova esperança renasce, a banda mane gostoso reúne: cultura, poesia, arte e música de qualidade.
Seria deveras injusto não classificar assim uma banda que mal tem um ano de existência com uma média de idade de 19 anos.
Não que acho que a idade influencie na criação musical, mas as pessoas não costumam dar ouvidos aos que os jovens fazem, mas eu aconselho: abram bem os ouvidos, preparem a imaginação porque esta banda vem para ficar.
O que falar do show que ocorreu na semana Manoel Mattos, foi no mínimo espetacular. Nas palavras de um amigo meu, Carlos Padilha: “ Marcello, essa banda é profissional.”
Concordo com ele, conheço o processo de criação de todas as letras, as angustias e o que significa e vê-las ali no palco, com alma, foi no mínimo a passagem de um filme na cabeça.
Sinto não ter podido dar para a banda um show de 3 horas para que mostrassem a arte completa, mas o pouco que foi possível tocar deu para perceber o que é boa música. Bom artista não precisa de muito para mostrar para o que veio, mas apenas de um violão e duas músicas, o resto é apenas protocolo.
Mas o que esta galera pensa? O que eles querem para a música? Eles têm um manifesto cultural?
Esta galera pensa em fazer música boa. A música para eles é uma expressão cultural, uma expressão de Pernambuco. Eles não precisam de manifesto cultural a música fala por si só.
Inevitável meu caro, um dia eles serão grandes, tão grandes que os verei pelas “zooropa”, Ny, por ai. Ganhando o mundo, mostrando novamente a diversidade, a pluralidade e a genialidade da cultura de Pernambuco e principalmente o que ela tem de excelente.
Eles dizem que eu sou bom escritor e bom poeta, meu ego não me permitirá nega-los, somos amigos é bem verdade.
Mas dessa vez sou eu que preciso dizer: vocês são a arte.

domingo, 1 de março de 2009

poema cinico







No mundo não há



nem nunca ouve uma só guerra.



Os homens não disputam territórios,



pessoas, ou poder.



Todos sabem conviver pacificamente com as diferenças.






No mundo nunca ouve uma só guerra



nunca ninguém atacou pelas costas,



nem foi desonesto.



Sempre fomos



sempre seremos



um produto do bem.



Sempre fomos



e sempre seremos



a esperança do homem






No mundo nunca ouve uma só guerra.



os sangues que rolaram,



as cabeças que cairam,



as bombas que jogaram,



as pessoas que morreram,



os tiros de canhão,



sao todos pordutos de um



desvario coletivo



uma alucinação de alguns que contaminaram



todos



um engano, um acidente



que vazou.






Digo e repito:



neste mundo nunca ouve uma só guerra



o que chamam de guerra



é a paz



mas a paz nunca existiu.