segunda-feira, 24 de março de 2014

Do amor e outras insignificâncias.



O titãs atual está longe de ser aquele Titãs dos anos 80 e 90, pelo menos na minha análise. Mas tem uma música desta nova cara da banda que define em poucas palavras algo bastante complexo: “não existe amor, apenas provas de amor”

De fato, amor não existe, criamos uma ilusão, uma farsa e dizemos que isso é amor, quando na verdade o que temos são provas de amor nossas e do outro; quando o amor se vai a principal causa é a falta de provas de amor. O amor em si, ele é construído aos poucos, devagar, quase que silenciosamente em nossas cabeças e de repente vem a explosão!

Muita gente pede para que eu faça uma poesia, uma cartinha, qualquer coisa singela para que ele/ela entregue ao seu amor. Muitas vezes tento explicar que o ideal seria que ele/ela mesmo(a) fizesse, seria o seu sentimento verdadeiro, embora insignificante esteticamente, mas é a sinceridade. Mas não, no geral as pessoas estão pouco preocupadas com a sinceridade das palavras, querem é algo bonito para mostrar, dizer que “olha ai, bonito né? Me ama, volta pra mim”

Depois de muito protelar eu acabo cedendo, faço uma poesia de amor, de um sentimento que eu não tenho por aquela pessoa. Mas Fernando Pessoa já dizia que o “poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.” E ai me ponho no lugar dele/dela, reflito um pouco, crio uma cena e acabo escrevendo.

Obviamente fica uma porcaria, poesia de 5º categoria, mas para aquela alma perdida que “sabe amar” mas não sabe ser poeta é genial, chega a ser um excerto de Camões.
No fim me sinto vazio.

Essa produção poética pelos outros é retratada de forma bem singular no filme “Her”, no qual Joaquin Phoenix escreve há quase 10 anos cartas de amor para outras pessoas. Ele, contratado, pago, cria um sentimento de amor que existe dentro dele, e acaba servindo para os casais, que nutrem seu amor em palavras bonitas mas mentirosas. E ele, poeta solitário, sofre pelo amor que não tem mais, mas que queria poder escrever aqueles versos.

Nunca deixe de dizer o que pensa ou sente com medo de parecer bobo, fraco ou simplesmente insignificante. O medo não pode ser maior que sua forma.

Por essas e outras o amor acaba e a reconciliação, a capacidade de se “reamar” quando o amor está indo embora, sumindo, ferido e magoado, torna-se algo penoso. Perdem-se amores pela incapacidade de mostrar a sua simplicidade verdadeira. Medo. Fraqueza. Vergonha. Tudo isso esconde um peito saltitante de vontade de fazer loucuras, mas tolhido na total incapacidade de se mostrar. Eu brinco nas aulas dizendo que voltar é protelar um tragédia já anunciada, embora em alguns casos não seja, mas no geral é mais complexo que a 9º sinfonia de Beethoven.

Por fim, Neruda, de forma simples, reduziu a complexidade do amor numa de suas milhares de poesias de forma genial: “te amo porque te amo”. Simples, sem precisar se justificar ou fingir, apenas mostrando a sinceridade do peito. E é assim que termino, quer amar de verdade? Mostre suas imperfeições poéticas em versos feitos de seu punho. Reconciliar? Ame e se der volte, mas não deixe de se mostrar, pois na próxima pode ser tarde demais.





sexta-feira, 7 de março de 2014

O grupo Baader Meinhof ou "Baader Meinhof Blues"?

                 
Sabe aquela música da Legião Urbana, "Baader Meinhof Blues"? Faz sentido para você? Pois bem, ela foi inspirada num grupo de extrema esquerda que surgiu na Alemanha Ocidental (capitalista) em início dos anos 70, o Grupo Baader Meinhof, ou Bando Baader Meinhof, como chamava a imprensa Alemã, tentando desmoralizar o Grupo.
                     Baseado em fatos reais, o filme “O grupo Baader Meinhof “  de 2008 conta a história deste grupo, que através de muita violência, seqüestros e assaltos, montou o que eles chamavam de guerrilha Urbana Comunista para  combater o Estado Fascista Alemão, veja, estamos falando da Alemanha pós 2º guerra, pós Hitler. Inspirados em idéias Marxistas/socialistas, o grupo "tocou o terror" na Alemanha nos anos 70 e 80, sendo extinto em fins dos anos 90. O filme foi indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009, bem como ao Globo de Ouro. O projeto cinematográfico é fantástico, com cenas de muita violência e com um roteiro eletrizante, conseguiram recriar a atmosfera política e de lutas que ocorriam na Alemanha. Veja o filme, depois vá ouvir a música da Legião Urbana e perceba se fará mais sentido.




quinta-feira, 6 de março de 2014

Considerações do Oscar



Acabei de assistir "Her" e o filme é genial, certamente vai demorar para me impressionar assim com um filme, no sentido de ser tão bem escrito. Mereceu ganhar o Oscar de melhor roteiro original, porém merecia mais, ou pelo menos mais indicações. Joaquin Phoenix ter ficado fora da lista de indicados de melhor ator foi uma injustiça tremenda, o cara foi o filme praticamente sozinho e sua atuação nas cenas foi perfeita. No mais, a injustiça com o Lobo de Wall Street também foi gritante, este certamente entrará para o Hall de injustiças do Oscar ao lado de tantos outros. Na certa a academia agiu com um certo temor em premiar um filme que contava a história de um cara que fraudou milhões de pessoas com o sistema financeiro, sendo recente ainda as cicatrizes da crise nos EUA. Li matérias que o Di Caprio e o Scorsese receberam milhares de cartas e críticas por terem feito este filme e praticamente "elogiado" a vida do personagem retratado; certamente a academia conservadora foi pressionada também e resolveu não cair em polêmicas (mais).
O filme foi impecável na direção, no roteiro adaptado, na fotografia e na atuação de Leonardo di Caprio, porém nada disso agradou a academia que mais uma vez deixou no "vácuo" um belo trabalho cinematográfico. Não deixarei de elogiar o filme e a atuação dos atores de Clube de Compras Dallas, também foi muito bom,

e a dobradinha de melhor ator e melhor ator coadjuvante realmente premiou a interação dos dois  no filme e não foi nenhuma aberração eles terem ganho os respectivos Oscars. Mas é certo que o Di Caprio teve sua melhor atuação dos últimos tempos, pelo menos que eu vi, mas não só isso, Di Caprio conseguiu ir além do padrão comum de atuação, ele foi "o personagem".