sexta-feira, 3 de outubro de 2014

MARINA SILVA ESTÁ FORA DO 2º TURNO!?


Eu já tinha dito isso no início da semana, os eleitores de Marina estão indo para o lado de Aécio. Tem gente que na hora de votar para presidente vai digitar o “4”, mas ficará na dúvida se coloca o “0” ou o “5”. Esse eleitor está morrendo de vontade de mudar, mas ainda não declarou publicamente com medo de mudar o avatar do facebook (sic). O eleitor de Marina é aquele eleitor do “oba oba” que vai onde os outros forem, como se estivessem atrás de um trio elétrico de axé. E claro, é o eleitor “anti-PT” revoltadinho.

O cenário é catastrófico para Marina, nos últimos debates ela apareceu abatida e ontem no debate de maior audiência ela foi engolida pela aparição de seus adversários e engolida por si mesma. Sim, quando disse que Dilma não poderia ser Presidente porque ela nunca tinha sido nada antes, ela jogou no lixo o mote da “nova política”, a mesma que elegeu o desconhecido Geraldo Júlio para prefeito do Recife e que está(va) prestes a eleger Paulo Câmara para o governo de Pernambuco. Foi engolida por si mesma quando falou que o seu programa de governo parecia com o do PSOL, numa clara tentativa de se parecer o que não é. A tentativa de agradar a todos parece que não está dando certo, a onda Marina foi uma onda que surgiu com a morte de Eduardo mas que não consegue se sustentar, pois como já foi dito por um analista, saco vazio não se sustenta.

A verdade é que Marina está num partido no qual ela não acredita, o PSB tem inúmeras divergências com a candidata, e a candidata inúmeras divergências com as ideias do partido que está representando, e por incrível que pareça, é um partido da “velha política”.

Marina veio com o discurso ambientalista, que está meio abafado para agradar o AGRONEGÒCIO; com o discurso do casamento civil igualitário, que está abafado para agradar um segmento evangélico; e tinha o discurso da “nova política” que ela mesma abafou ontem. A candidata mudou 4 vezes de partido nos últimos 4 anos, será que nenhum partido presta para ela? Do PT ela migrou para o PV, do PV ela “criou” a REDE e desta ela correu para o PSB (mesmo sem acreditar nessa política) apenas para não ficar fora da projeção nacional, com a nítida demonstração de que o projeto político dela não é coletivo, mas pessoal de poder.

Marina nunca representou e nunca representará uma “nova política” até porque isso não existe. Isso é um chavão que foi criado para pegar justamente o eleitor coxinha e revoltado com tudo e todos e que adora frases de efeito, e que muda quando sente fraqueza. E isto é o que está acontecendo com o seu eleitorado, mudando de ideia e indo apoiar Aécio, numa tentativa desesperada de ser a última esperança de tirar o PT do poder (sic).

Ninguém mais acredita no que ela defende, nem ela mesma como foi claramente mostrado ontem. A grande contradição persiste, pois o eleitorado dela que dizia “queremos uma 'nova política'” está correndo justamente para o lado da política das raposas e liberais tupiniquins do PSDB, com a política que parece Liberal, mas é mais velha que a cartilha do “New Deal”. Pelo menos com Aécio Neves há um debate político claro, ele e seu eleitor se dizem “liberais” (o que é louvável), não é aquele discurso apolítico da Marina.


Lamentável, isso mostra a fraqueza dos argumentos de quem defendia Marina Silva e dos argumentos da própria candidata que a cada dia desfalece. A sorte dela é que o primeiro turno é Domingo agora, se não ela levaria uma virada história do Aécio Neves e corria o risco de ter menos votos que o Eymael. Nas pesquisas todos os candidatos subiram, até Luciana Genro e Eduardo Jorge, exceto Marina que perdeu quase 15 pontos. Talvez ela ainda vá para o segundo turno, mas é notório que Marina se acovardou, se apequenou e desfalece justamente na semana mais crucial para as eleições.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Quer estudar para concurso? Não venha.



Nessas últimas duas semanas conversei com muita gente sobre o assunto do momento há quase 10 anos. Não são as eleições, mas os concursos públicos. O desejo de “estabilidade” de muita gente. Muitos conhecidos estão cursando direito apenas pelo sonho de um dia ser “alguém” de posição social e ficar muito rico. Na época que estudava para o vestibular isso era o que menos atraía minha atenção, achava isso rasteiro e superficial. Mas esse é o sistema para quem quer entrar no mundo jurídico.


A falta de sono de muita gente é uma agonia: fazer concurso ou advogar? Conheço muita gente que está em casa, sem trabalhar, para estudar para concurso, qualquer concurso. Muita gente que está largando faculdade e emprego para ir para as salas de cursinho ou ir para uma das milhares de faculdades de direito espalhadas pelo Brasil. O mercado está inchado, todos os anos milhares de pessoas são despejadas nas ruas com o título de “bel em direito” e quase todas tem um sonho: passar em concurso. E cada dia mais gente entra no mercado.



O momento é desesperador, os cursinho anunciam que tem vagas para todos, que basta estudar e que um dia você chega lá. Sendo muito sincero? Não é bem assim. Quem estiver entrando em direito agora só vai entrar no mercado daqui a 5 anos e sinto te informar, daqui 5 anos essa pirâmide financeira vai quebrar. E cada dia mais gente entra no mercado.



Estou estudando só para concurso há exatos 9 meses, antes estudava mas estagiava, tinha faculdade e tinha projetos pessoais. Agora não, estou 100% focado nisso. O grande problema é que milhares de pessoas estão nessa também, e tantas outras milhares também querem entrar nessa.



E bate o desespero, será que vou passar? Realmente as vagas existem no Brasil inteiro, se você tiver dinheiro para viajar, gastar com estadia e ficar uns dias, praticamente toda semana tem algum tribunal, ministério público ou diversos órgãos abrindo processo seletivo. Mas ai eu pergunto, quem pode se dar a esse luxo? Das minhas viagens de concurso aprendi muita coisa, e uma das principais é que quem não tem dinheiro tem bem menos oportunidades e quase sempre não pode sair do seu estado. A cada dia está enfrentando a concorrência de gente de outros estados que podem pagar uma bagatela de mil reais para ir fazer uma prova de concurso que vai lhe pagar pouco mais de R$ 3.000,00 (três mil reais) como técnico administrativo. Isso mesmo, em um dos concursos de Tribunais que já fiz, tinha gente de todo Brasil disputando esse salário. E cada dia mais gente entra no mercado.



Se você for nas salas de aula a maioria quer ser delegado, juíz, procurador, promotor, etc. Mas antes de alcançar esses cargos precisam passar em outro concurso, de nível mais “baixo” como forma de se estabilizar e ter condições de passar num maior. Pois bem, essa vaga ocupada por alguém que quer ser juiz foi desperdiçada, pois ele não fará carreira. As pessoas fazem prova até passar e para qualquer cargo pois o que não querem é ficar desempregados. E cada dia mais gente entra no mercado.



Advogar pode ser uma saída interessante para quem não quer seguir uma carreira pública e tem talento para advogar. Mas, não é das mais atrativas. São em média 8 a 9 horas de trabalho diário para ganhar R$ 1.500,00 reais em um “grande” escritório e ter uma vida atribulada e sem tempo nem para si mesmo. Disse em média porque obviamente existe muita gente ganhando mais, bem mais, porém esses não são a maioria. A maioria são os soldados do front, que aceitam ganhar qualquer quantia a fim de realizar o sonho de serem de fato doutores e poderem colocar o prato de comida em casa, fora suas roupas, carro, relógio, perfume... E cada dia mais gente entra no mercado.



Não estou arrependido da escolha que fiz, cursar direito foi um grande aprendizado.

Mas não por nada disso que falei. Nada disso me atraí. Esse status jurídico ou o fetiche de ser “ryco” não é o que me motiva a estar estudando todos os dias. A estabilidade é uma das bases mas não é a única. Embora esteja fazendo concursos no Brasil a toque de caixa, olho o direito como forma de um dia poder ajudar a trazer um pouco de justiça e por isso escolhi já dentro de mim o concurso que quero e o cargo que pode fazer isso de forma mais efetiva, onde os pobres e injustiçados poderão ver seus direitos defendidos. Embora o direito seja apena a ponta do iceberg. E cada dia mais gente entra no mercado.


Para todos que querem entrar em direito querendo ser rico eu dou um conselho: não entrem por isso. Não venham aqui apenas para realizar projetos pessoais de conquista e poder, o sistema já está cheio de pessoas assim. Seu lugar é no mundo corporativo. Se quiser vim para a área jurídica pensando em fazer concursos, repense. Em breve será mais fácil passar em medicina que num concurso para técnico judicial de nível médio (dentro das vagas). Não estou exagerando. E para os amigos e amigas que vem conversando comigo e compartilhando esses dias de aflição e desespero a única coisa a fazer agora é dançar conforme a música e tentar conseguir um lugar ao sol, onde não é apenas o estudo que define quem entra e quem sai, mas as externalidades do mercado, principalmente. E cada dia mais gente entra no mercado.



Seu professor de cursinho e os cursinhos para concurso e OAB estão adorando essa corrida frenética e esse “boom” de pessoas sonhando um sonho que muitos jamais realizarão. A maioria vai discordar de mim, claro, eles vendem um mundo de ilusões e fantasias onde mostram pessoas que venceram, e dizem que você pode também. Realmente você pode, mas a cada dia está mais complicado e mais desleal o desafio. E cada dia mais gente entra no mercado.



Se você tem um talento não desperdice sentado numa carteira estudando para concurso, invista nele e você será feliz. Se você tem um sonho não deixe ele de lado apenas para ter o “status” de concursado. O mundo vai além disso. E você não sabe, mas a quantidade de pessoas frustradas num órgão público é imensa. O serviço público está mudando sim, mas lá não é lugar para astros, ou criatividades e desafios diários. Ali é lugar de trabalho, seriedade e comprometimento. É o lugar onde vocês viverão por 30 anos ou mais, fazendo quase sempre as mesmas coisas, verão seus filhos crescer, enfrentarão intrigas e muito provavelmente não terão glamour. Apenas, quem sabe, poderão ir ao shopping nos fins de semana desfilar com sua roupa nova comprada com seu suor. O mundo de ilusões vendido pelos cursinhos de que os funcionários públicos são seres mais felizes, muito tranquilos e estáveis não é verdade. Isso é a ilusão vendida para lotar as salas de aula e tirar muitos de nós de nossa real felicidade: realizar o que amamos. E cada dia mais gente entra no mercado.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Pai



Levanto e o sol começa a aparecer. Para meus amigos eu levanto na quase madrugada. Eu, com 40 anos e dois filhos, nunca pensei que nesta idade teria mais um filho. Cansativo, muito. Ando quase moribundo pelo corredor até chegar no seu quarto e ver que já está acordado. Deitado na cama, imóvel, sem choro e sem dizer uma palavra, fica olhando o teto, surpreso com o show de cores do nascer do dia. Dou o bom dia, ele me olha, não sorri, nem pede nada, apenas olha. Vou para a cozinha preparar a papa da manhã. Dois filhos fazem você ficar craque em papa e fraldas. Mas neste jogo pensei que estava aposentado.

Papa pronta e fria, como gostava. Levo-a até o quarto para dar em sua boca. Primeiro o prato sobre a mesa, depois trago-o ao colo, coloco a fronha sobre o ombro e encosto sua cabeça carequinha sobre mim. Cada colher em sua boca era uma aventura para ambos. Enquanto o alimento, lembro de toda a minha vida. Toda não, mas alguns fatos marcantes até aquele dia. Minha vida não se resume aos afazeres domésticos. Minha vida.

Terminou a papa em meia hora. Depois disso coloco-o sobre a cama, levo o prato até a cozinha e volto para cuidar de sua higiene. Carrego aquele ser frágil, sem dentes e sem forças até a banheira. Falo algumas palavras para ele incompreensíveis, e que são respondidas com o olhar. Tiro sua fralda suja, tiro sua camisa e coloco aquele corpo magro e pequeno dentro da banheira. Com as mãos vou jogando água em sua cabecinha, em seu rosto e por todo o corpo. Aquele corpo, até então inerte, demonstra a alegria interna de ficar, enfim, limpo. Sabão infantil com cheiro doce, shampoo infantil e um olhar ainda mais infantil. Tenho medo de deixar aquele ser frágil se afogar e aperto com mais força seu braço. Enxugo-o lentamente, como num ritual de purificação.

Deitado na cama passo pomada contra assaduras em seus genitais, coloco uma fraldo nova, visto-o como um lorde. Agora está limpo. Ligo a televisão para distraí-lo enquanto vou enfim cuidar de mim. Penso em tudo que ainda poderia fazer e lembro que falta o suco das 9 da manhã para fazer. Mas sosseguei um pouco e fui cuidar de mim, enfim.

Preparo meu café sozinho. Sem ninguém para conversar ou relatar os acontecimentos dos jornais falo com minha mente. Ligo a televisão da sala, sento na mesa e começo a comer o meu café da manhã. 

Pobre do meu pai, um homem que foi tão ativo em sua vida inteira e agora encontra-se reduzido a um ser insignificante, dependente de mim para tudo. Sem mulher, com um filho, sem amigos, sem seu dinheiro e sem sua vida. 

Enquanto como, tento imaginar como ele cuidou de mim. Na certa não cuidou. Em sua época as mulheres cuidavam da casa e nós homens cuidavam de trazer a comida. Mas certamente, alguma vez na vida ele deu banho em meu corpo pequenino, deu comida em minha boca e trocou minhas fraldas. Em algum momento, não é possível.

Eu estava casado, tinha filhos já garotos quando recebi a notícia de que meu pai estava com demência senil. Não tive reação, não sabia o que aquilo significaria. Enquanto o médico tentava explicar o que fazer, como cuidar, minha mente ia longe, voltava à minha infância e rememorava a nossa vida. Eu criança e ele, eu adolescente e ele, eu homem e ele. Agora teríamos essa página inesperada em nossas vidas. O homem nunca está preparado para o seu futuro.

Após um longo período fora, volto ao consultório e escuto o médico falando que hoje temos bons abrigos especializados em casos como este. Ele não vai para abrigo, eu vou cuidar dele. O médico silenciou, olhou nos meus olhos e sentiu que a nossa conversa poderia encerrar. Passou recomendações e saí daquela sala com o peso do mundo em minhas costas. Como explicar isso? 

Tive um longo debate com minha esposa e filhos e decidi sair de casa. Eles estavam criados, tinham seu futuro certo. Agora precisava cuidar dele. Minha esposa esbravejava, achava que eu tinha enlouquecido, onde já se viu largar família e filhos ainda menores para cuidar de um velho quase morto. Após essa palavra, levantei-me e fui ao quarto buscar minhas roupas e meus objetos. Atrás de mim ela gritava, mas eu não a escutava. Apenas estava preocupado. Eu sei que atitudes como essa são radicais, mas eu precisava fazer aquilo. Seria meu primeiro ato de amor em sã consciência por aquele homem. Uma pena que ele jamais poderá reconhecer isso, mas eu precisava fazer, precisava cuidar dele por mim. Pedi licença do trabalho, afastei-me dos amigos e tranquei-me naquele apartamento. 

Sentado sobre a mesa, assistia ao jornal da manhã com a tranquilidade de um ser imortal. Eu não pensava em nada, apenas assistia. No quarto, o ser inconsciente de si mesmo assistia ao mesmo jornal e respirava o mesmo ar que eu. Mas ele, aquele homem moribundo, não tinha ninguém por ele.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Meu primeiro e último encontro com o Ariano.



Uma ex-aluna do cursinho me convidou para dar aula na sua turma do 3º ano sobre Ariano Suassuna. Estranhei o convite, e logo ela esclareceu dizendo que havia um trabalho de classe sobre Ariano Suassuna, e que “eu” seria o seu trabalho. Ariano sempre teve minha admiração e respeito, o conheci através da minissérie o “Auto da Compadecida” a qual gravei numa fita de “VHS” e revi milhões de vezes até o dia que comprei o DVD e revi outras tantas. A leitura do livro foi muito prazerosa também, mas o filme ficou na minha cabeça em todas as cenas, de toda forma que eu não sabia se era melhor o livro ou o filme (o livro). Eu topei, claro. Eu iria falar sobre um dos herois de minha infância, o escritor Ariano, que assim como eu estudou na Facvldade de Direito do Recife, assim como eu gostava mesmo era da arte popular, de literatura e deu umas boas piadas. Então ela fala, “Olha, Ariano vai estar na escola, ele foi convidado e topou ir.” Fiquei nervoso, “o que vou falar sobre ele?” De repente o mapa mental da aula tinha ido embora, e uma grande preocupação bateu na minha cabeça “agora lascou.”

No dia, comecei a dar a minha aula e ele não havia chegado ainda. Contei de suas histórias, de seu Romance “A Pedra do Reino” e sobre os outros livros do mestre. Quando termino, ele chega. Senti um alívio, claro. Imagina você falar da pessoa e ela na hora refutar com bom humor, “bem eu não queria dizer isso não.” Naquela sala de aula que cabia no máximo umas 50 pessoas, Ariano começou a falar por quase 40 minutos. Arrancou gargalhadas e abriu a conversa para perguntas, daí que levantei a mão e fiz uma pergunta sobre sua obra e a importância da Facvldade na sua carreira. Olhando em meus olhos de forma paternal, ele respondeu sobre o TEP e seu relacionamento com Hermilo Borba Filho.

Havia ganhado o meu dia, eu que amava literatura tinha visto e conversado com um escritor “de verdade” pela primeira vez. Fique com aquele dia na cabeça durante muito tempo. Então, no ano de 2012, a gestão horizontal do Diretório Acadêmico feita pelo Movimento Zoada, pretendia realizar uma semana de Cultura e de pronto sugeri o nome de Ariano para abrir a semana. A ideia foi aceita, mas infelizmente não pôde ser concretizada, pois para o período da semana de Cultura, Ariano estava descansando e sem compromissos. Infelizmente não pude reencontrá-lo. E agora ele está junto de tantos outros, contando suas anedotas. “Ariano era fabulista? Fabuloso.”


(...)Ariano bom, Ariano sempre de bom humor. Imagino Ariano entrando no céu: - Licença, meu branco! E São Pedro bonachão, com o livro de Ariano sob as mãos: - Entra, Ariano. Você não precisa pedir licença, mas antes de entrar, conta uma boa história e autógrafa esse livro."

terça-feira, 8 de julho de 2014

DESCONSTRUINDO HARRY ou Desconstruindo alguns mitos: as falácias dos coxinhas.

Você está revoltado com a eliminação brasileira, ok, eu também estou. Mas tem muita gente dizendo algumas coisas que fazem parte do senso comum mas que estão erradas. Vou usar propositadamente apenas a Constituição Federal para desfazer alguns mitos.


1º SENSO COMUM: DILMA, VOCÊ DEVERIA TER USADO DO DINHEIRO PARA CONSTRUIR ESCOLAS!
A competência para construir escolas, de acordo com o Art. 208 da Constituição Federal cabe aos Municípios e aos Estados, conforme podemos ver abaixo:
Art. 208 da C.F.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
Assim, se você está revoltado com a pouca quantidade de escolas e com o baixo investimento nas mesmas você deve cobrar ao seu PREFEITO e ao seu GOVERNADOR.

O presidente, ou presidenta deve construir Escolas técnicas Federais e Universidades Públicas, que por sinal, até 2003, haviam 45 universidades federais e 148 campi no País. Entre 2003 e 2010 foram criadas 14 novas universidades e 126 novos campi. E até 2014 teremos mais 4 universidades e 47 novos campi. Ou seja, só no governo de Lula tivemos 126 novos campi de Universidades Federais, e 214 novos campi dos Institutos Federais Tecnológicos 


2º SENSO COMUM: DILMA, VOCÊ DEVERIA TER USADO O DINHEIRO DA COPA PARA CONSTRUIR MAIS HOSPITAIS.

A competência para construir hospitais cabe aos Estados e aos Municípios. O governo Federal deve construir hospitais Federais ligado às Universidades federais, e só. Se você acha que falta uma UPA, ou um posto de saúde ou até um hospital na sua região vá cobrar do seu governador ou prefeito. A competência do presidente nesse caso é de transferir as verbas do SUS para os prefeitos e governadores, o que vem acontecendo. O art. 195, § 10 da C.F esclarece melhor:

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.

3º SENSO COMUM: DILMA, VOCÊ DEVERIA TER USADO O DINHEIRO DA COPA NA SEGURANÇA PUBLICA:

Mais um mito. Conforme podemos ver no art. 143. § 6º da C.F a competência sobre a polícia civil e militar cabe aos Governadores dos Estados e D.F.

§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Assim, se você está se sentindo inseguro e acha que deve ter mais homens na rua (eu não acredito que isso diminua a criminalidade) você deve ir lá na porta do governador cobrar dele mais segurança.

Desta forma, antes de sair por ai reproduzindo o senso comum e achando que “é tudo culpa do Governos” como se fosse um mantra, precisa antes se informar um pouco melhor.

P.T saudações1, Adeus.


1Antes que me acusem de “petralha”, P.T saudações quer dizer Ponto final.   

sábado, 5 de abril de 2014

Como "se faz" um grande ator?


Foi com pesar que recebi a notícia do falecimento de José Wilker, um grande ator. Observei nas redes sociais o pesar de muita gente, e todos associavam a ele este adjetivo: UM GRANDE ATOR!
Mas por quê?
José Wilker é de uma safra de atores que nasceu no teatro e depois foi para a televisão e o cinema, aprendeu a atuar para impressionar e convencer e não simplesmente por ser bonitinho e "pegador". As novelas atuais, de um modo geral, seguem o folhetim romanesco, mas além disso, adotam estereótipos que estão longe da realidade brasileira e artística. O galã, a mocinha e a vilã são, no geral, pessoas bonitinhas, que estão na moda e que foram criadas na televisão, onde a escola que tiveram é no mínimo "malhação", não tendo enfrentado, muitas vezes, a vivência dos palcos.
José é de outro tempo, assim como Antônio Fagundes, Paulo Autran, Lima Duarte, Marrco Nanini  entre outros que viveram  no teatro. Construíram seus estilos nos palcos e usavam a televisão e o cinema como forma de se projetar, de serem conhecidos e reconhecidos, para trazer gente para a sua peça. Certa vez, disse Antônio Fagundes que  fazia novela apenas para ter público nas suas peças. Muitos desses atores que estão surgindo não viveram o teatro, não se construíram, foram projetados para serem galãs e dessa projeção é que vivem. Podem observar que muitos que fazem apenas novela não são bons fazendo filme e teatro. Agora quem nasceu no teatro consegue ir muito bem na novela e nos filmes. Na novela você repete mil vezes uma cena, o personagem é construído para agradar e dar audiência, no teatro cada cena é única, cada platéia é única e embora ensaiado mil vezes, na hora da apresentação, se houver uma falha, ele não vai poder repetir, vai ter que improvisar.

E é essa improvisação, essa capacidade de se recriar e de viver a personagem que diferencia os bons dos maus atores. José foi bom, gênio e singular. Você via um personagem dele e se convencia que ele existia. Você olha para a carreira dele e percebe que cada um tem um estilo diferente, uma entonação, uma vida. São únicos como o seu criador. Enfim, "agora vocês me dão licença que eu vou cagar".

segunda-feira, 24 de março de 2014

Do amor e outras insignificâncias.



O titãs atual está longe de ser aquele Titãs dos anos 80 e 90, pelo menos na minha análise. Mas tem uma música desta nova cara da banda que define em poucas palavras algo bastante complexo: “não existe amor, apenas provas de amor”

De fato, amor não existe, criamos uma ilusão, uma farsa e dizemos que isso é amor, quando na verdade o que temos são provas de amor nossas e do outro; quando o amor se vai a principal causa é a falta de provas de amor. O amor em si, ele é construído aos poucos, devagar, quase que silenciosamente em nossas cabeças e de repente vem a explosão!

Muita gente pede para que eu faça uma poesia, uma cartinha, qualquer coisa singela para que ele/ela entregue ao seu amor. Muitas vezes tento explicar que o ideal seria que ele/ela mesmo(a) fizesse, seria o seu sentimento verdadeiro, embora insignificante esteticamente, mas é a sinceridade. Mas não, no geral as pessoas estão pouco preocupadas com a sinceridade das palavras, querem é algo bonito para mostrar, dizer que “olha ai, bonito né? Me ama, volta pra mim”

Depois de muito protelar eu acabo cedendo, faço uma poesia de amor, de um sentimento que eu não tenho por aquela pessoa. Mas Fernando Pessoa já dizia que o “poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.” E ai me ponho no lugar dele/dela, reflito um pouco, crio uma cena e acabo escrevendo.

Obviamente fica uma porcaria, poesia de 5º categoria, mas para aquela alma perdida que “sabe amar” mas não sabe ser poeta é genial, chega a ser um excerto de Camões.
No fim me sinto vazio.

Essa produção poética pelos outros é retratada de forma bem singular no filme “Her”, no qual Joaquin Phoenix escreve há quase 10 anos cartas de amor para outras pessoas. Ele, contratado, pago, cria um sentimento de amor que existe dentro dele, e acaba servindo para os casais, que nutrem seu amor em palavras bonitas mas mentirosas. E ele, poeta solitário, sofre pelo amor que não tem mais, mas que queria poder escrever aqueles versos.

Nunca deixe de dizer o que pensa ou sente com medo de parecer bobo, fraco ou simplesmente insignificante. O medo não pode ser maior que sua forma.

Por essas e outras o amor acaba e a reconciliação, a capacidade de se “reamar” quando o amor está indo embora, sumindo, ferido e magoado, torna-se algo penoso. Perdem-se amores pela incapacidade de mostrar a sua simplicidade verdadeira. Medo. Fraqueza. Vergonha. Tudo isso esconde um peito saltitante de vontade de fazer loucuras, mas tolhido na total incapacidade de se mostrar. Eu brinco nas aulas dizendo que voltar é protelar um tragédia já anunciada, embora em alguns casos não seja, mas no geral é mais complexo que a 9º sinfonia de Beethoven.

Por fim, Neruda, de forma simples, reduziu a complexidade do amor numa de suas milhares de poesias de forma genial: “te amo porque te amo”. Simples, sem precisar se justificar ou fingir, apenas mostrando a sinceridade do peito. E é assim que termino, quer amar de verdade? Mostre suas imperfeições poéticas em versos feitos de seu punho. Reconciliar? Ame e se der volte, mas não deixe de se mostrar, pois na próxima pode ser tarde demais.





sexta-feira, 7 de março de 2014

O grupo Baader Meinhof ou "Baader Meinhof Blues"?

                 
Sabe aquela música da Legião Urbana, "Baader Meinhof Blues"? Faz sentido para você? Pois bem, ela foi inspirada num grupo de extrema esquerda que surgiu na Alemanha Ocidental (capitalista) em início dos anos 70, o Grupo Baader Meinhof, ou Bando Baader Meinhof, como chamava a imprensa Alemã, tentando desmoralizar o Grupo.
                     Baseado em fatos reais, o filme “O grupo Baader Meinhof “  de 2008 conta a história deste grupo, que através de muita violência, seqüestros e assaltos, montou o que eles chamavam de guerrilha Urbana Comunista para  combater o Estado Fascista Alemão, veja, estamos falando da Alemanha pós 2º guerra, pós Hitler. Inspirados em idéias Marxistas/socialistas, o grupo "tocou o terror" na Alemanha nos anos 70 e 80, sendo extinto em fins dos anos 90. O filme foi indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009, bem como ao Globo de Ouro. O projeto cinematográfico é fantástico, com cenas de muita violência e com um roteiro eletrizante, conseguiram recriar a atmosfera política e de lutas que ocorriam na Alemanha. Veja o filme, depois vá ouvir a música da Legião Urbana e perceba se fará mais sentido.




quinta-feira, 6 de março de 2014

Considerações do Oscar



Acabei de assistir "Her" e o filme é genial, certamente vai demorar para me impressionar assim com um filme, no sentido de ser tão bem escrito. Mereceu ganhar o Oscar de melhor roteiro original, porém merecia mais, ou pelo menos mais indicações. Joaquin Phoenix ter ficado fora da lista de indicados de melhor ator foi uma injustiça tremenda, o cara foi o filme praticamente sozinho e sua atuação nas cenas foi perfeita. No mais, a injustiça com o Lobo de Wall Street também foi gritante, este certamente entrará para o Hall de injustiças do Oscar ao lado de tantos outros. Na certa a academia agiu com um certo temor em premiar um filme que contava a história de um cara que fraudou milhões de pessoas com o sistema financeiro, sendo recente ainda as cicatrizes da crise nos EUA. Li matérias que o Di Caprio e o Scorsese receberam milhares de cartas e críticas por terem feito este filme e praticamente "elogiado" a vida do personagem retratado; certamente a academia conservadora foi pressionada também e resolveu não cair em polêmicas (mais).
O filme foi impecável na direção, no roteiro adaptado, na fotografia e na atuação de Leonardo di Caprio, porém nada disso agradou a academia que mais uma vez deixou no "vácuo" um belo trabalho cinematográfico. Não deixarei de elogiar o filme e a atuação dos atores de Clube de Compras Dallas, também foi muito bom,

e a dobradinha de melhor ator e melhor ator coadjuvante realmente premiou a interação dos dois  no filme e não foi nenhuma aberração eles terem ganho os respectivos Oscars. Mas é certo que o Di Caprio teve sua melhor atuação dos últimos tempos, pelo menos que eu vi, mas não só isso, Di Caprio conseguiu ir além do padrão comum de atuação, ele foi "o personagem".