sexta-feira, 24 de abril de 2009

O preconceito nosso de cada dia


Certo dia, numa bela manhã ela se acorda. Como todos os outros dias. Troca sua roupa, ajeita seu cabelo. Mas, de forma maquinal ela senta-se na cadeira. Não irá sair de casa, não porá os pés na rua. Ela é proibida de pisar na rua. Está sobre prisão domiciliar.

Os guardas somos todos nós. Ela não pode mostrar quem ela é e mesmo que queira, seremos pretensiosos em lhe negar o poder da fala pelo simples fato de a pré-julgarmos incapaz por não fazer parte de nosso padrão estético. Ela é feia. Não merece a vida.
Mas imbuída de uma vontade e uma simplicidade, ela fura nosso cerco. Escapa de nossa prisão. Os feios devem ficar escondidos, ninguém deve notá-los. E sabendo que possui um talento incomum, tão raro e tão singelo que bastaria uma palavra para que soubéssemos que ela é genial.

Mas os ouvidos não escutam: “todos estão surdos”.
Ela que vivia numa prisão igual a de Quasimodo. Na verdade não é só ela. Mas todo mundo que não está dentro dos moldes pré-estabelecidos, vive preso. Vive preso em sua consciência, aprisionado em seu eu que diz: você é fraco,você é incapaz, você não pode, você é feio.

As pessoas te apontam, as pessoas riem, dizem: você é incapaz de tudo. Por quê? O silêncio impera, mas você sabe porque, lá no intimo. E seu coração chora. Você se pergunta: por que? Por que não sou igual a eles? ( não é?) por que sou inferior? ( é?)
De fato o fracasso nasce com essas pessoas, não o fracasso que eles se entregaram, mas que o mundo vos entregou e pré-determinou na testa dos feios: fracassado!

Mas ela furou o bloqueio. Foi apontada, foi ridicularizada, foi atestada de fracasso e ninguém nela acreditou. Nem eu nem você acreditaríamos... Quem? Ela? Talento?
A pobre cegueira de hipocrisias que invade nossos sentimentos é inefável.
Pois então, faz o silencio. “ vamos ouvir esta gorda feia, depois despachamos. Somos legais, somos democráticos e não somos preconceituosos.”
Daí então alguém ouve ela de verdade. Não com aquele ouvir de caridade como olha com pressa e a vontade de sair deste lugar. Mas o ouvir admirado, que bela. O ouvir consternado. A vergonha de ser hipócrita e a certeza que você é que é o fracassado. A emoção de mera pena, pena por ela só ter este talento para mostrar.

Somos humanos somos assim. E ela? Ela sobreviveu, ensinou e saiu de pé, chorou no fim é verdade. Mas quem não choraria? Não sou fracassada!

Somos todos iguais, somos homens. Olhamos o exterior como a capa do interior. Apreciamos o belo frasco antes de compra-lo ou ter interesse em furtá-lo. Os feios ficam na prateleira. Quem quer? Ninguém, lógico. Ninguém porque somos seres incompletos e mesquinhos. No dia que não formos assim, se este dia chegar, seremos humanos de verdade, e não este conjunto de máscaras prontos para sorrir de aprovação na beleza; e chorar e rir e desprezar o feio.


MARCELLO BORBA ARAQUAN BORGES

terça-feira, 21 de abril de 2009

Que venham muitas crises


O mundo se modifica com as crises. Crise não é algo necessariamente ruim, como muita gente acha. O mundo estava em crise quando ocorreu a revolução francesa, o mundo estava em crise quando houve a reforma protestante, o mundo estava em crise quando houve a semana de arte moderna. Sei que existem diferentes conceitos para crise, e as que estamos passando agora é de caráter econômico, e não social ou político como expostas acima. Até as crises de caráter econômico trazem benefícios a posteriori. Porque se há crise, então algo não vai bem e depois disso há uma mudança na conjuntura que havia. Então encontramos um sinônimo para crise, mudança, revolução.
Sim após esta crise o mundo não será mais o mesmo: alguns brindam o fim do neoliberalismo; outros o fim dos EUA. É cedo para dar diagnósticos precisos sobre que efeitos serão visíveis diante este cenário, mas certamente o mundo não será como agora. E isto é bom?

Momentos de crise aguçam o lado criador do homem. Parece que o homem precisa de um impulso para produzir, e as crises em geral são acompanhadas por uma explosão de novas idéias, cientificamente falando e culturalmente falando. Alguns dizem que o momento de letargia vivido pelo mundo nas últimas décadas favoreceu o seu empobrecimento cultural e que a decorrência disso é uma apatia nas produções. Como se nada de realmente bom ou inovador houvesse surgido.
Se olharmos para a musica tem muita coisa boa surgindo, mas também há muita porcaria que merece o lixo do esquecimento. Creio que há mais porcaria que algo bom, inspirador e inovador. Teríamos uma proporção de 8 para 2 se assim formos quantificar. Na literatura, também vemos um fenômeno parecido, poucos dos novos escritores encantam, são bons de verdade. A grande maioria vende milhões de livro com um livro e após isso desaparece como se a fonte tivesse secado. E uma crise no momento de agora, pelo menos para mim, parece propiciar uma quebra de paradigmas e valores que certamente irão se refletir na arte em geral. Não só na arte como na política, economia, e na sociedade como um todo.
Uma balançada assim para fazer o grande urso gordo e preguiçoso da humanidade acordar para produzir e ser autocritico de sua posição neste cenário.

Um exemplo que trago é a faculdade que estudo. Ela tem um passado glorioso que enche de imaginação quem estuda lá. Mas seu presente é desolador. Não se vê produção de muita coisa, não se vê muitas discussões. O máximo que se vê são indivíduos traçando seus projetos pessoais sem preocupação ou consciência de que existe um mundo que os rodeiam e que é preciso fazer algo de proveitoso nesta passagem pela vida além de encher a cara, ganhar dinheiro e fazer muito sexo.
Não sou saudosista com o passado. Sei que nada é 100% perfeito em conjuntura nenhuma da históri, mas seria ingenuidade minha querer comparar a produção artística e cultural da humanidade atual com de algumas décadas passadas. Seria no mínimo querer quantificar uma projeção que faço na teoria.

Fica ai as indagações, reflexões e esperanças para que o futuro seja melhor do que agora. O que nós podemos fazer para isso? Eu não sei muito bem, já tentei fazer algumas coisas, mas ainda não obtive resultados plausíveis. A questão é que agora me encontro sentado, na frente da maior tecnologia do século 20, escrevendo num blog para que no máximo 2 pessoas leiam e após isso vou espionar a vida alheia no orkut.
Muito revolucionário isso não?
É o grande problema é a inércia e comodidade, está tudo muito fácil. Uma crise vai abalar o sistema e nos fazer movimentar de verdade. Eu clamo por isso, antes que ganhe peso e fique com preguiça de sair da frente do COMPUTADOR.


MARCELLO BORBA ARAQUAN BORGES

domingo, 19 de abril de 2009

O MST, 14 anos de um massacre e a manipulação da imprensa.


A constituição brasileira, se assim eu recorrer ao meio formal garantidor de nossos direitos, diz que a propriedade irá atender a sua função social. É um termo muito vago, que não define muita coisa, apenas abre parâmetro para discussões sobre legitimidade e suposições sobre que função social é esta. Afinal, termos vagos, e não é de hoje, abrem precedentes para diversas interpretações, e juristas e cidadãos mal intencionados revolvem para si o uso e expressão de tal vaguidão.

O MST surgiu há 25 anos, ou seja, cinco anos antes da vigência desta nossa atual constituição, o que deveria levar a um exercício de raciocínio: “se há 25 anos a constituição não assegurava a propriedade para seu fim social, então a luta do MST tinha coerência. Então, cinco anos depois, a constituição assegura este direito. Então, não há porque lutar”. Ai está o engano, existe uma diferença entre garantir um direito subjetivo e este direito ser de fato cumprido. O fato da constituição assegurar e 20anos após sua efetivação, ainda não efetivar a função social da propriedade em termos satisfatórios transforma a lutado MST como uma luta válida de concretização de direitos pré-estabelecidos. E toda sua pressão, invasões, seria nada mais que a voz da sociedade clamando por justiça. Enquanto existir concentração de terras, haverá injustiça.

Há 14anos houve o massacre de Carajás, numa de suas invasões à propriedade privada, o MST sofreu uma retaliação do órgão que geralmente é o único que chega ao pobre, o órgão repressor, o braço armado policial. Desde então, nenhum dos acusados está preso. Todos, eu disse todos, aguardam julgamento em liberdade. O Estado democrático tem suas falhas e injustiças, e todos nós sabemos que a justiça é lenta, morosa. Mas existe algo mais que explica esta morosidade judicial. Não estou, com isso, questionando a existência do Estado democrático, mas usando de um argumento retórico irônico de que se o Estado é democrático, onde está a real democracia quando os interesses dos poderosos estão em jogo?

Não é de hoje que criticam a forma de luta do MST, chamando-o de braço armado paramilitar; ou de baderneiros; ou de assassinos. Porém, recentemente se viu com clareza a marginalização do grupo frente às autoridades competentes e a imprensa burguesa. Foram assassinados quatro pistoleiros, seguranças de uma fazenda. O MST agiu em legitima defesa, sei que nada justifica o assassinato, também sei que há 14 anos o MST espera por justiça pelo massacre de Carajás e nada apareceu. Porém, em pouco espaço de tempo querem a prisão dos culpados a extinção do movimento, e “a volta da paz”.
Foi visto que a imprensa tem um papel decisivo, não é a toa que é considerada o 4° poder. Imprimiu matérias incisivas contra o grupo, caracterizando-os de assassinos e que deveriam sofrer punição encobrindo a veracidade de muitos acontecimentos. Logo a sociedade civil, a manipulada, ou interessada politicamente na extinção do MST, proferiu sua opinião em favor da matéria e de uma punibilidade urgente. Desde então o MST vem sofrendo uma perseguição feroz. Mas com o caso de Carajás é lembrado, e quando é lembrado, na forma de flash rápido, sem nenhum clamor por justiça.

O que venho aqui pedir é muito simples: o julgamento dos assassinos de Carajás, o julgamento dos culpados pela morte dos pistoleiros e acima de tudo a real efetivação da função social da propriedade. Porque com isto, diminuiríamos a marginalização social e a desigualdade vigente. Não sou tão utópico a ponto de afirmar que tudo estaria resolvido, existe muita coisa a ser feita, além disso. Mas este último pedido meu será impraticável na sociedade de hoje, porque há, acima de tudo, a garantia constitucional da propriedade privada. Isto não é ruim, porém, neste interesse estão os reais detentores do poder no Brasil. O povo, na democracia do jeito que está, é um mero coadjuvante na escolha. O voto é, em muitos casos, a legitimação que damos para que eles continuem no poder, dando o aval de que nós os escolhemos. É verdade, escolhemos, mas no estágio de miséria e exclusão social, quem vai pensar com a cabeça e não com a barriga e o pescoço na hora de votar?

Por tudo isso a luta dos movimentos camponeses é justa, não só a do MST, basta de injustiças.


Marcello Borba Araquan Borges

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O que é o amor? parte II


Existe o amor. Existe o amor mesmo ele sendo multifacetado em diversas formas, é possível encontrar suas diversas expressões, porém não é possível defini-lo. Camões dizia: “é ferida que dói e não se sente”. Que dor é esta então? Como defini-la? Pior é quando ele completa: “ é um contentamento descontente”. ???? O que seria isso Meu Deus? Claro que esta forma de amor que ele está falando não é a forma de amar os pais, os amigos, e sim o amor que para muitos é o única motivo para a existência humana. Como não se impressionar com Vinicius que casou 9 vezes à procura de um grande amor. Ele amou todas, mas não amou para sempre. O amor é um fogo que surge e consome, e no fim deixa cinzas. Mais uma definição. Mas nunca haverá um consenso? Cada um sente de uma forma diferente, sente?
Que seria tudo isso, as palavras de Camões e o sentido de cada?
Casais que vivem juntos 40 anos, seria isto amor? Comodismo? É um caminho onde há mais perguntas do que respostas e qualquer palavra, é mero concretismo inanimado.

O amor surge de sua forma mais simples, despertado por algo que não sabemos definir. Mas é algo que impulsiona, devora, deixa sem sentido. Se sentir bem estando ao lado de alguém, tão bem que podemos dizer que é a melhor coisa de nossas vidas. Quantos já cometeram loucuras, ao sentir isso pela primeira vez, nem digo pela primeira, mas pela décima. Quem não gosta de imaginar que está sendo lembrado, ou amado(a). Alguns dizem que há fluidez, eu diria que há loucura. Lógico não há amor se não há loucura, impulso. Fazer coisas que você jamais faria. Cada século tem uma expressão dessa loucura, faziam-se serenatas, compravam castelos, construíam tumbas lado a lado, faziam poesias, ficam sem comer, declaram-se doidamente no meio de centenas de pessoas, morrem juntas... Shakespeare em Romeu e Julieta descreveu um amor tão belo, tão jovem tão sincero que deixa qualquer um perguntando, fizeram certo se matando? Amar é fazer coisas que você não faria, mas tem pessoas que exageram, ultrapassam as , mas só por isso estão erradas?
É vasta nossa literatura, é vasta nossas vidas de exemplos de pessoas, de casais jovens passeando abraçados, de mãos dadas. E não só isso, nos lençóis a total entrega de um sentimento. Mas o que é amor? O que é amar?
Ninguém sabe? Ninguém saberá?
Amar e ser amado(a).
Sofrer, quem ama sofre. Sofre nos momentos de separação, de não poder mais sentir uma alegria, de lembrar dos momentos que foi feliz de forma tão singular e pessoal. Amar é sofrer porque nem sempre a pessoa amada corresponde. Amar é viver porque a vida ganha sentido. Quem nunca amou sofre, sofre porque não sente, não sentiu o que é ser feliz assim.
Dor, sofrimento e tragédia, andam juntos com felicidade, paixão e leveza.
O que é amor? o que é amar? Não sabemos, sentimos. É alegria sem ser alegria. É viver sem viver. Amor é um sentimento, nada mais, nada menos que os seres vivos expressam quando gostam de alguém.
marcello borba borges

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O que é o amor? parte I


O amor não existe. O que existe é um sentimento de posse no qual as pessoas exercem por seus bens, no caso a pessoa "amada". Esta frase justificaria os ciúmes doentios, os assassinatos e transformação de carater que passam algumas pessoas após levarem um pontapé na bunda! Não é de hoje que isto ocorre, é um processo tão antigo quanto a odisseia de Homero. Shakespeare tratou de forma trágica o ciúme doentio de Otelo, que se dizia apaixonado por sua esposa.

Não existia paixão, o que existia era apego a carne e o prazer que ele tinha de ser Mouro, mas casado com um branca. Além de um sentimento de posse, é um sentimento de superioridade que ele perderia se ela o deixasse. Matou-a, não só ele, mas muitos outros que se diziam apaixonados.

O caso de Bentinho santiago, de Dom Casmurro. Ele ainda garoto se apaixona por uma garota linda, casa-se com ela. Mas ao ver seu Moral sendo jogado à prova, uma crise de ciúmes se instala nele e todo aquele amor pueril se transfora em uma propagação de calúnias e impropérios.


Saindo da ficção e chegando a vida real não é muito diferente. O processo de conquista é muito seco, primeiramente os homens escolhem suas mulheres se são bonitas ou não. Eles não olham carater, ou inteligência ou se será boa mãe. Olham a bunda, os seios, o rosto e o cabelo. Necessariamente nesta ordem se o cara for brasileiro. Se for aprovada começam a se apaixonar se não for, esquecem-na. Talvez até namorem um dia, mas não será uma paixão, haverá tido uma consessão.

O jogo do amor, na verdade, é um processo de escolhas, os mais fortes( belas) sobrevivem. Não pensem que sou machista e acho que o homem é quem determina uma relação; as mulheres também olham a primeira vista com interesse, os delas são na mesma linha. O que percebemos é que a primeira olhadela de ambos é um julgamento e naõ há paixão à primeira vista; isto é uma literatura enculcada em nossas cabeças para que acreditemos na bondade de um ser que é puro instinto de procriação. E se você homem acha que manda, esqueça. quem dá a voz final é sempre a mulher. Você pode até gostar dela, mas ela tem que dizer: sim, ou não.

Mas, não se assustem. Nos tempos de sua tataravó era pior. Não havia nem essa pré escolha carnal. Os casamentos eram arranjados e, muitas vezes, as pessoas se conheciam na noite de nupcias. E vários casais viveram uma vida toda, se eram felizes não importa. o que importa é que não houve amor e esta é minha tese.

Hoje em dia, com a modernidade e tudo sendo liberal demais, o amor não passa de um mero conjugamento de corpos. Pessoas passam 2 anos ou três anos juntas e já era. Estou sendo otimista, tem amores que duram uma única noite. O que as pessoas dizem é que achei que ela fosse uma coisa mas com o tempo descobri que era outra. Mais um ponto que comprova 0 que estou dizendo. As pessoas se olharam e gostaram da aparência, transaram, mas com o tempo não gostaram do carater do outro acabaram e partiram pra outra. Há quem fique junto e case por amor e fique feliz mas este caso é EXCESSÃO E NÃO REGRA, APRENDAM ISSO.

O amor é apenas um uso retórico que os homens usam para ganhar suas presas e que as mulheres usam para sonhar.

O que importa, na verdade, é a volupia e a efervescência, o resto é mera literatura.


MARCELLO BORBA

domingo, 12 de abril de 2009

SONHO DE UM PECADOR


Eu vi aquele homem pregado na cruz
Prego nos punhos, nos pés...imóvel estava,
Sangrando gota a gota o calvário da humanidade
Esse homem era Jesus.

Eu o vi de longe
Com a face mais limpa de serenidade.
Como quem não sofresse um único segundo de dor
Na angustia da morte.

Eu senti que ali estava aquele que
Salvava a humanidade
E do vinho do seu sangue
E do pão do seu corpo
Comem os homens os pedaços de um ser
Que era homem!

Mas então que ele sussurra uma frase
Baixa a cabeça e morre
Sei que morreu porque
Naquele momento tudo estremeceu
E a vida de um mortal
Cheia de símbolos até na hora da morte
Ganha um significado: ressurreição!

Desceram seu corpo decrépito e
Duas mulheres-elas sempre são fortes-
Choram por aquele corpo sem vida
Uma delas pega-o no colo e com um olhar
Que só uma mãe pode ter aperta-o profundamente
A seu ventre
Como se quisesse quede lá saísse novamente.

Não pude me aproximar
Tive medo!
Tenho medo da morte!
E ver ali, alguém sem vida
É um tanto quanto temeroso.

Me afastei aos poucos
E a cada passo me vinha a imagem dele:
Hora na cruz, hora no chão, carregado sem vida.
E sem esperanças, fraco de minhas forças
Perdido em labirintos fortuitos de pensamentos
Fiquei em casa três dias.

Até saber que o homem, feito de carne, osso e sangue voltou a viver.
Não como homem, mas como espírito
E para o lado do pai voltou.

Eu desabei, chorei, retomei minha força e esperança
E por fim, sussurrei: aquele homem era Jesus.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

CURSAR UMA "FALCULDADE"


“Faça seu curso em menos tempo.” Ganhe tempo, o mercado de trabalho não está para brincadeira.” “ o preço que voc~e pode pagar”.
Há uma invasão de slogans desse tipo pelas grandes cidades brasileiras, que são de “faculdades” particulares que estão tentando vender seu peixe.

As faculdades particulares estão ingressando com veracidade no mercado dos diplomas. É muito vantajoso abrir uma instituição de ensino superior. Sem preocupações didáticas maiores do que se fosse um colégio, as faculdades particulares encontraram um terreno fértil no atual cenário brasileiro, onde perder tempo é dinheiro e seu futuro. E a universidade pública é perca de tempo, como dizem.
Tal fenômeno de ensino superior privado teve sua fomentação na preocupação do Brasil em aumentar seu IDH de forma maliciosa. Pois para os que não sabem, um dos índices do IDH é o numero de universitários. Ou seja, não importa que faculdade o importante é estar nela.
Cursos como Direito, administração e alguns das áreas de saúde que são o sonho de muita gente são os mais oferecidos pelas universidades e mais procurados pela população.
O grade paradigma que temos é a qualidade destes cursos, visto que houve um aumento exponencial no número de faculdades, sem uma devida fiscalização de seu incremento e o reflexo disso serão pessoas mal formadas.
Existem sim muitas faculdades particulares boas, mas a grande maioria e as que fazem a maior publicidade e facilidade são as de menor qualidade.
Faculdades que oferecem cursos em menos tempo, ou aparentemente fáceis, levam uma boa quantidade de estudantes esperançosos em ganharem seu diploma e ganharem tempo frente aos outros, mas ledo engano.
Os cursos de direito, por exemplo, estão injetando na sociedade um quantidade grande de bacharéis mal formados, que erram coisas simples de legislação e ortografia. Algumas oferecem ate algumas cadeiras on line!

É extremamente preocupante o cenário que se forma, mas tudo isso é um mero reflexo de que o ensino público superior não consegue absorver a demanda estudantil, e os que sobraram ou não podem pagar bons colégios para ingressar num ensino público superior acabam tendo que recorrer a muitas faculdade de pé-de-escada.

Qual será o cenário do futuro? É impossível prevê-lo, mas a certeza é de um IDH mais alto, mas sem uma qualidade de fato de nossas instituições.
A esperança que temos é que as leis da natureza atuem novamente e que os mais fortes sobrevivam e as universidades que são apenas oefrecedoras de diploma e não se preocupam com a formção do estudante sejam engolidas. Mas se isto ocorrer, teríamos um cenário parecido ao que ocorreu com o ensino público fundamental: a decadência do ensino público e uma explosão de colégios particulares que absorveram a demanda de quem pode pagar por um ensino melhor.

O que não significaria uma melhora substancial, mas o reflexo de nossas políticas públicas de melhorar o ensino. O que, talvez, poderia nos alertar, mas seria tarde demais.


MARCELLO BORBA BORGES

sábado, 4 de abril de 2009

Entrevista com Drummond:




R: olá Drummond, como vai? O que fez você virar poeta?
D: Quando nasci um anjo torto desses que vivem nas sombras disse: “ vai Carlos ser guache na vida.” Então virei poeta, destino cruel.
R: você tem alguma recordação boa de sua infância?
D: Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo.
R: Bem, mudando um pouco de assunto. Vamos entrar em economia. Por que o senhor acha que o Brasil parou de crescer?
D: No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho.
R: e esse políticos, mensalão, acórdão, sanguessuga. Como o senhor define isso?
D: Quadrilha! Zé indicava Dirceu, que falava a Valdomiro, que aconselhava Valério, que falava a Roberto que dizia a lula que não sabia de nada. Zé ninguém nunca mais viu, Dirceu foi cassado, Valdomiro tá em acordo,, Valério perdeu os cabelos, Roberto virou cantor e Lula continua sem saber de nada.
R: O que devemos fazer para mudar isso?
D: precisamos redescobrir o Brasil!
D: Mas por quê?
D: o Brasil está dormindo, coitado.
R: R o senhor gostaria de ser político?
D: Não.
R: Por quê?
D: Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.
R: Soube que você tinha uma amante, logo você um poeta. Ora porque Drummond esse caso extraconjugal? Você parecia ser tão calmo.
D: Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer...
R: Você não gosta muito do futuro, mas então, o que mais te dá saudade?
D: Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!
R: e o que o senhor acha que como deve ser o namoro de hoje em dia?
D: Hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.
R: Eita desculpe seu Drummond, acho que perdi os papeis que tinham as outras perguntas. Vou procurar, espere um pouco tá?
D: e agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José?
R: Preciso ir lá no camarim, você me espera?
D: sozinho no escuro qual bicho do mato, sem teoria, sem parede nua para encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
R: pronto voltei. Qual o conselho que você daria para quem está começando?
D: não faça versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia, diante dela, a vida é um sol estático, não aquece, nem ilumina. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
R: você parou de escrever, por que? Não diga que é por que você está morto, pois Brás cubas foi um defunto autor.
D: por que não serei o poeta desse mundo caduco.