O titãs atual está longe de ser aquele Titãs dos anos 80 e 90, pelo menos
na minha análise. Mas tem uma música desta nova cara da banda que define em
poucas palavras algo bastante complexo: “não existe amor, apenas provas de amor”
De fato, amor não existe, criamos uma ilusão, uma farsa e dizemos que
isso é amor, quando na verdade o que temos são provas de amor nossas e do
outro; quando o amor se vai a principal causa é a falta de provas de amor. O amor
em si, ele é construído aos poucos, devagar, quase que silenciosamente em
nossas cabeças e de repente vem a explosão!
Muita gente pede para que eu faça uma poesia, uma cartinha, qualquer
coisa singela para que ele/ela entregue ao seu amor. Muitas vezes tento
explicar que o ideal seria que ele/ela mesmo(a) fizesse, seria o seu sentimento
verdadeiro, embora insignificante esteticamente, mas é a sinceridade. Mas não,
no geral as pessoas estão pouco preocupadas com a sinceridade das palavras,
querem é algo bonito para mostrar, dizer que “olha ai, bonito né? Me ama, volta
pra mim”
Depois de muito protelar eu acabo cedendo, faço uma poesia de amor, de um
sentimento que eu não tenho por aquela pessoa. Mas Fernando Pessoa já dizia que
o “poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a
dor que deveras sente.” E ai me ponho no lugar dele/dela, reflito um pouco,
crio uma cena e acabo escrevendo.
Obviamente fica uma porcaria, poesia de 5º categoria, mas para aquela
alma perdida que “sabe amar” mas não sabe ser poeta é genial, chega a ser um
excerto de Camões.
No fim me sinto vazio.
Essa produção poética pelos outros é retratada de forma bem singular no
filme “Her”, no qual Joaquin Phoenix escreve há quase 10 anos cartas de amor
para outras pessoas. Ele, contratado, pago, cria um sentimento de amor que
existe dentro dele, e acaba servindo para os casais, que nutrem seu amor em
palavras bonitas mas mentirosas. E ele, poeta solitário, sofre pelo amor que não
tem mais, mas que queria poder escrever aqueles versos.
Nunca deixe de dizer o que pensa ou sente com medo de parecer bobo, fraco
ou simplesmente insignificante. O medo não pode ser maior que sua forma.
Por essas e outras o amor acaba e a reconciliação, a capacidade de se “reamar”
quando o amor está indo embora, sumindo, ferido e magoado, torna-se algo
penoso. Perdem-se amores pela incapacidade de mostrar a sua simplicidade
verdadeira. Medo. Fraqueza. Vergonha. Tudo isso esconde um peito saltitante de
vontade de fazer loucuras, mas tolhido na total incapacidade de se mostrar. Eu brinco
nas aulas dizendo que voltar é protelar um tragédia já anunciada, embora em
alguns casos não seja, mas no geral é mais complexo que a 9º sinfonia de
Beethoven.
Por fim, Neruda, de forma simples, reduziu a complexidade do amor numa de
suas milhares de poesias de forma genial: “te amo porque te amo”. Simples, sem
precisar se justificar ou fingir, apenas mostrando a sinceridade do peito. E é
assim que termino, quer amar de verdade? Mostre suas imperfeições poéticas em
versos feitos de seu punho. Reconciliar? Ame e se der volte, mas não deixe de
se mostrar, pois na próxima pode ser tarde demais.
Ahh para! Tu escreve tudo o que se passa dentro da gente.
ResponderExcluirLindo bb.
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