quinta-feira, 24 de julho de 2014

Meu primeiro e último encontro com o Ariano.



Uma ex-aluna do cursinho me convidou para dar aula na sua turma do 3º ano sobre Ariano Suassuna. Estranhei o convite, e logo ela esclareceu dizendo que havia um trabalho de classe sobre Ariano Suassuna, e que “eu” seria o seu trabalho. Ariano sempre teve minha admiração e respeito, o conheci através da minissérie o “Auto da Compadecida” a qual gravei numa fita de “VHS” e revi milhões de vezes até o dia que comprei o DVD e revi outras tantas. A leitura do livro foi muito prazerosa também, mas o filme ficou na minha cabeça em todas as cenas, de toda forma que eu não sabia se era melhor o livro ou o filme (o livro). Eu topei, claro. Eu iria falar sobre um dos herois de minha infância, o escritor Ariano, que assim como eu estudou na Facvldade de Direito do Recife, assim como eu gostava mesmo era da arte popular, de literatura e deu umas boas piadas. Então ela fala, “Olha, Ariano vai estar na escola, ele foi convidado e topou ir.” Fiquei nervoso, “o que vou falar sobre ele?” De repente o mapa mental da aula tinha ido embora, e uma grande preocupação bateu na minha cabeça “agora lascou.”

No dia, comecei a dar a minha aula e ele não havia chegado ainda. Contei de suas histórias, de seu Romance “A Pedra do Reino” e sobre os outros livros do mestre. Quando termino, ele chega. Senti um alívio, claro. Imagina você falar da pessoa e ela na hora refutar com bom humor, “bem eu não queria dizer isso não.” Naquela sala de aula que cabia no máximo umas 50 pessoas, Ariano começou a falar por quase 40 minutos. Arrancou gargalhadas e abriu a conversa para perguntas, daí que levantei a mão e fiz uma pergunta sobre sua obra e a importância da Facvldade na sua carreira. Olhando em meus olhos de forma paternal, ele respondeu sobre o TEP e seu relacionamento com Hermilo Borba Filho.

Havia ganhado o meu dia, eu que amava literatura tinha visto e conversado com um escritor “de verdade” pela primeira vez. Fique com aquele dia na cabeça durante muito tempo. Então, no ano de 2012, a gestão horizontal do Diretório Acadêmico feita pelo Movimento Zoada, pretendia realizar uma semana de Cultura e de pronto sugeri o nome de Ariano para abrir a semana. A ideia foi aceita, mas infelizmente não pôde ser concretizada, pois para o período da semana de Cultura, Ariano estava descansando e sem compromissos. Infelizmente não pude reencontrá-lo. E agora ele está junto de tantos outros, contando suas anedotas. “Ariano era fabulista? Fabuloso.”


(...)Ariano bom, Ariano sempre de bom humor. Imagino Ariano entrando no céu: - Licença, meu branco! E São Pedro bonachão, com o livro de Ariano sob as mãos: - Entra, Ariano. Você não precisa pedir licença, mas antes de entrar, conta uma boa história e autógrafa esse livro."

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