Há dez anos,
desde que vim morar por estas bandas, sempre que vou à Padaria, ao Parque da
Jaqueira, à academia fico procurando casas antigas, construídas e preservadas
com amor e com detalhes que só pessoas que levantaram a própria casa podem
fazer. Porém, nestes últimos anos, minha admiração pelas casas vem transmudando
para o susto ao ver que mais uma construtora comprou uma casa no bairro do
Rosarinho. Há uns 5 anos tirei uma foto de um cenário que eu vislumbrava assim
que saía de uma academia; ali começava a brotar os primeiros arranha-céus. Não sei
se foi premonição, mas hoje, esta mesma “paisagem” encontra-se totalmente
transformada e poluída pela quantidade imensa destes prédios em apenas um
quarteirão.
Quando caminhava,
ficava admirado vendo casas de dois andares, com muros diferentes, e quase
sempre batia um pouco de curiosidade sobre a história de quem fez aquela casa,
de quanto tempo mora ali ou por que construiu daquela forma? Hoje, quando saio
a pé ou de bicicleta, fico surpreso e assustado; minha reação tem sido, “poxa, as
construtoras compraram aquela casa também” .
Impressionante
como o bairro do Rosarinho, que sempre fora conhecido como bairro de casas, ou
de prédios de até três andares, está passando por uma transformação radical,
com prédios cada vez mais altos e luxuosos. Na bela Praça do Rosarinho, às
margens da Avenida Norte, uma grande construtora “comprou” aquela paisagem e
está construindo um apartamento de quase 30 andares nas costas da praça. Uma
outra está terminando outro prédio de frente para a praça, enfim, a paisagem
está ficando sufocante, o ar que tinha aquele sabor de história está ficando “moderno”
e não sei até quando vai essa onda imobiliária pelo bairro.
Mas eu não
percebia isso, até bem pouco tempo eu vibrava com alguns belos empreendimentos,
com a “modernidade” chegando ao meu bairro. Era bom saber que nosso imóvel
estava ficando mais valorizado. Porém, ao ver que ao lado de um prédio que
estava sendo construído, uma construtora rival tinha comprado 5 casas ao lado
deste para aproveitar essa “valorização”, eu tomei um choque. Quase não
acreditei vendo os tapumes ao redor de todas aquelas casas históricas que estão
indo abaixo pouco a pouco.
A cada dia que
ando pelo bairro eu vejo mais e mais casas sendo vendidas, mais e mais
empreendimentos sendo lançados e mais e mais a história e o ar bucólico do meu
bairro irem embora. Várias ruas, que são quase invisíveis em comparação com as
grandes avenidas, já possuem congestionamentos consideráveis nas horas de saída
para o trabalho e na volta, e tudo tende a piorar.
Hoje, após ver
essa matéria no jornal, fiquei ainda mais assustado. Ao que tudo indica, os
bairros do Rosarinho, Encruzilhada e Tamarineira irão “crescer” mais, várias
casas ainda serão destruídas e os engarrafamentos em suas ruas quase bucólicas
serão ainda mais constantes em certos horários.
Ironia ou não
do destino, aprendi a gostar e amar este bairro, sua localização, sua vida e
sua história. Mas estou de mudança, sairei de uma rua para outra, indo morar
num desses novos empreendimentos do Rosarinho, quando dei por mim já estava
aderindo à nova moda do bairro.
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