Uma ex-aluna do
cursinho me convidou para dar aula na sua turma do 3º ano sobre
Ariano Suassuna. Estranhei o convite, e logo ela esclareceu dizendo
que havia um trabalho de classe sobre Ariano Suassuna, e que “eu”
seria o seu trabalho. Ariano sempre teve minha admiração e
respeito, o conheci através da minissérie o “Auto da Compadecida”
a qual gravei numa fita de “VHS” e revi milhões de vezes até o
dia que comprei o DVD e revi outras tantas. A leitura do livro foi
muito prazerosa também, mas o filme ficou na minha cabeça em todas
as cenas, de toda forma que eu não sabia se era melhor o livro ou o
filme (o livro). Eu topei, claro. Eu iria falar sobre um dos herois
de minha infância, o escritor Ariano, que assim como eu estudou na
Facvldade de Direito do Recife, assim como eu gostava mesmo era da
arte popular, de literatura e deu umas boas piadas. Então ela fala,
“Olha, Ariano vai estar na escola, ele foi convidado e topou ir.”
Fiquei nervoso, “o que vou falar sobre ele?” De repente o mapa
mental da aula tinha ido embora, e uma grande preocupação bateu na
minha cabeça “agora lascou.”
No dia, comecei a
dar a minha aula e ele não havia chegado ainda. Contei de suas
histórias, de seu Romance “A Pedra do Reino” e sobre os outros
livros do mestre. Quando termino, ele chega. Senti um alívio, claro.
Imagina você falar da pessoa e ela na hora refutar com bom humor,
“bem eu não queria dizer isso não.” Naquela sala de aula que
cabia no máximo umas 50 pessoas, Ariano começou a falar por quase
40 minutos. Arrancou gargalhadas e abriu a conversa para perguntas,
daí que levantei a mão e fiz uma pergunta sobre sua obra e a
importância da Facvldade na sua carreira. Olhando em meus olhos de
forma paternal, ele respondeu sobre o TEP e seu relacionamento com
Hermilo Borba Filho.
Havia ganhado o meu
dia, eu que amava literatura tinha visto e conversado com um escritor
“de verdade” pela primeira vez. Fique com aquele dia na cabeça
durante muito tempo. Então, no ano de 2012, a gestão horizontal do
Diretório Acadêmico feita pelo Movimento Zoada, pretendia realizar
uma semana de Cultura e de pronto sugeri o nome de Ariano para abrir
a semana. A ideia foi aceita, mas infelizmente não pôde ser
concretizada, pois para o período da semana de Cultura, Ariano
estava descansando e sem compromissos. Infelizmente não pude
reencontrá-lo. E agora ele está junto de tantos outros, contando
suas anedotas. “Ariano era fabulista? Fabuloso.”
“(...)Ariano
bom,
Ariano
sempre de bom humor. Imagino Ariano
entrando no céu: - Licença, meu branco! E São Pedro bonachão, com
o livro de Ariano sob as mãos:
- Entra, Ariano.
Você não precisa pedir licença, mas
antes de entrar, conta uma boa história e autógrafa esse livro."