sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cultura de massas, um reflexo da modernidade!


A arte moderna é um complexo antagônico e impreciso. Não estou criticando se é bom ou ruim, apenas digo o que parece obvio. Tempos atrás tínhamos limite: ARTE É ISSO! Hoje, o que é arte? Arte e cultura são produtos subjetivos e que atestam o gosto de cada um. Quem ouve Beethoven diz que gosta de música, quem ouve as famosas pop stars, como Lady gaga, também alega a mesma coisa: gosto de música!
Música é apenas um universo no complexo de possibilidades artísticas que podemos definir da sociedade moderna.
Num breve aparato histórico tudo o que era convencionalismo foi quebrado, destruído e reformulado numa procura de não encontrar limites, ou padrões para o artista.A LIBERDADE FOI O GRANDE NOME UTILIZADO.
POIS BEM, ESTA LIBERDADE QUE PROCURAVA A RUPTURA COM O CLASSICISMO NÃO ESPERAVA SER VITIMA DE SUA PRÓPRIA CRIA.
Produzir um disco, um livro, era algo que poderia dar tudo ao artista, menos dinheiro. Há uma infinidade de grandes gênios que morreram gloriosos, porém sem dinheiro para seu próprio enterro. O grande paradoxo se estabelece se formos perceber o que a pós-modernidade trouxe com a cultura de massas. Como a arte não tem limites, a musica de sexo que faço, a música dançante que faço, ou o livro patético de confissões de meus diários são ARTE.
Quem diz isso não são críticos, são o público que vai as lojas e compra, são o publico que fazem este mercado ser considerado arte.
Não é culpa deles. Publicitários e empresários já conhecem de longa data que o grande público TÁMBEM QUER SE DIVERTIR, TAMBÉM QUER LER “ A GENTE NÃO QUER SÓ DINHEIRO, A GENTE QUER DINHEIRO DIVERSÃO, BALÉ...” E atingir este mercado é a certeza de rentabilidade para quem investe em artistas “que falam a língua do povo”.
A língua do povo, é algo meio contraditório, porque não sabemos se o povo tinha este gosto sempre, pois ele foi moldado a sua vida. Por exemplo, é muito difícil, ou quase impossível, alguém que vive em situações financeiras dificeis querer admirar João Donato, ou Mozart, seus artistas serão aqueles que tocam nas rádios, que passam nos programas que é onde está a “cultura” de livre acesso.
A televisão e a grande mídia tem um papel importante nisso. Artistas como lady gaga ganham seu prestigio no mundo não pelo seu talento musical ou sua voz, ganham pela aparência que passam pela televisão, sua peformace e os escândalos no qual estão vivendo. E pensar que tudo isso começou com ELVIS E OS BEATLES...
Mas há um problema, a situação financeira não é a que define o gosto musical, de fato não. Nem tão pouco o gosto pela literatura. O nível e o padrão cultural de cada um definem o que você ouve, e não será o dinheiro o determinante disso.
A formação cultural que você recebe, ai sim está o x da questão. Irmãos que vivem na mesma casa podem ter gostos antagônicos. A questão é que cada um tem a chance de ver o mundo por uma determinada perspectiva, para alguns os amigos vão influenciar, as festas, para outros, o gosto dos pais, para outros a história.
A música é algo complicado de se estabelecer parâmetros, mas na literatura podemos traçar linhas e padrões mais coerentes.
Por exemplo, quem Lê Paulo coelho, crepúsculo ou Harry Potter, são grupos diferentes. Paulo coelho soa geralmente pessoas mais velhas, crepusculo são de meninas na faixa etária da juventude, e por ai vai.
Tem pessoas que lêem tanto livros cabeças como livros populares. Mas a questão que se firma é. Quem Lê os livros ditos “cabeças” não é fã dos livros populares, pode até ler um ou outro, mas não acompanha as ondas da moda. “Ah agora chegou a vez de fulano”. Mas quem lê e é fã deste tipo de gênero vai acompanhar e saber os lançamentos, pode até ler livros mais complexos, e é comum, mas será uma fase. Chega um momento que ela terá uma certa idade, ou um certo convívio cultural que irá filtrar sue tipo de gênero preferido.
E é isso que o mercado sabe. O editor de um livro sabe que venderá 10 milhões de copias com o código da Vinci numa semana, e sabe que não venderá 5 mil exemplares de Clarice Lispector num ano.
O mercado sabe disso, e a arte é feita para determinados padrões. Não se engane, a maneira que você veste, a música que você ouve, o livro que você Lê é um padrão social definido que remete a uma organização sócio cultural moderna.

MARCELLO BORBA BORGES

4 comentários:

  1. Não lhe ocorre que talvez seja fácil demais acusar a cultura popular de manipulação nos limites cada vez menos inexistentes da arte? O propósito da liberdade artística é justamente esse:q nao haja um padrão, que todos possam ser artistas. Afirmar que apenas autores "cabeças" são dignos de louvores é o preconceito comum daqueles que têm dificuldade de aceitar as mudanças da sociedade. Por que uma tatuagem bem elaborada nao pode ser tão obra-prima como picasso e suas formas indefiníveis?? Porque é sempre mais fácil julgar o novo, uma vez que renegar o antigo pode ser deveras cruciante...Da mesma forma que a inteligência deve ser engrandecida, por que não o carisma? Por que não a beleza? A liberdade artística propõe que não mais nos apeguemos necessariamente ao passado, que saiamos da nossa zona de conforto e estejamos preparados para enfrentar uma realidade cada vez mais efêmera. Se o mundo não fosse feito de diferenças o tédio seria insuportável...É nessa linha de raciocínio, de aceitação das diversidades que eu aceito, também, o ponto de vista dos que defendem o passado, pois cada um é responsável por suas escolhas e não cabe ao mundo julgar, mas escutar e argumentar sem, contudo, deixar de respeitá-las. O importante é ser feliz!! ;D

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  2. não tiro o mérito de suas anáçises. de fato são coerentes. mas o que chamo a atenção é que a cultura de massas tem apenas uma preocupação: ganhar dinheiro e fama! enobrecer a arte é secundário. e tudo isto não é culpa spomente do artista que produz, mas, principalmente, dos empresário que financiam estas formas de expressão artistica e queremj ver o retorno em dinheiro do que investiram. no renascimento existiam os mecenas, eu sei. na verdade os empresários sempre foram essenciais a propagação da cultura e dos artistas. grandes nomes como aluizio azevedo, da vinci, tinham que produzior uma arte menos, que desse lucros, para que depois fizessem o que gostavam de verdade. o grande problema é que numa sociedade hipercomplexa como a nossa, e com tantas pessoas, é dificil agradar a todos. então a forma simples, que de lucro e enebrie a população é uma cultura simples e direta mas bastante lucrativa.

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  3. trago aqui um texto escrito por ariano suassuna sobre o forro estilizado e entenderás meus argumentos...

    ‘Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!’. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são ‘gaia’, ‘cabaré’, e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

    Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

    Porém o culpado desta ‘desculhambação’ não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo est tico. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
    Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na platéia’, alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é ‘É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente. Sem esqu ecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

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  4. meu caro Borba,

    em termos de arte, qualidade eh fundamental. Concordo com Marcello. Não é pq há hj uma maior liberdade de criação e expressão q precisamos nos entregar ao vulgar. Bom senso eh sempre bem prezado.

    ...inclua nessa lista ai, de grandes que precisaram produzir para viver: Balzac; o que nem por isso deixou de produzir com qualidade.

    Eduardo Constantino

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