quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Quando dorme a razão, monstros são produzidos



(frase de goya em um de seus quadros.)

- Uma ode a razão, proclama a sombra

A razão algo que é cultuada por tantos e é o arcabouço de vários discursos inflamados o próprio Lincon usava seus argumentos retóricos imbuídos de racionalidade para estimular o exército a cada vez que ele esmorecia na guerra de secessão. Mas a minha pergunte surge quando pergunto, os soldados usaram a razão, tal como Lincon usou para convencê-los?

A idade média é conhecida como a idade das trevas, a falta de luz a falta de racionalidade, mas seria realmente uma idade onde a razão inexistiu e foram proclamados feitos desprovidos de substância?
O racionalismo veio e construiu uma época em que tudo que não fosse razão não merecia crédito, tudo tinha uma explicação. Isto serviu para a quebra dos valores católicos que homogeneizavam a política, a cultura e as ciências. Com o simples fato de crença você poderia ter a explicação de tudo. Porém a razão é algo que pode explicar tudo? A razão tem esta preocupação de explicar tudo?

Guerras no mundo surgiram, ditadores ascenderam e foram depostos e a racionalidade se mostrou a personagem não principal, mas fundamental na configuração de todos estes tempos.
Cada vez que a razão cochilou monstros foram produzidos: o grande monstro católico da idade média; o grande monstro Leviatã do absolutismo; o grande monstro ditatorial fascista ou comunista; a grande besta-fera do racismo, o grande monstro do consumismo; o grande monstro do ódio e intolerância.
Todos estes episódios formam a demonstração de que basta não dormir, mas apenas um cochilo da razão que surgem personagens querendo se aproveitar deste momento. Porém a cada vez que a razão foi despertada e provocada surgiram soluções, a maioria das vezes pontuais para nossos problemas. A solução para o fim do absolutismo foram as revoluções burguesas embuídas de uma racionalidade de que aquele regime não mais favorecia aos seus anseios, e cheios desta racionalidade convenceram o povo para alcançarem seu triunfo.
A racionalidade é uma faca de dois gumes, tanto serve para o bem, quanto é uma arma dos que se dizem do bem para fazer o mal.
Porém não podemos deixar de trazer a tona um personagem que é diretamente influenciado por estes fluxos: o povo.

O conceito de povo ou a massa povo, é figura célebre que demonstra o estado de racionalidade de uma geração. Percebemos isto na idade média e o comportamento desenvolvido por eles; ou até nos tempos atuais com todos crentes numa racionalidade para o bem do planeta se esforçam na diminuição da poluição do planeta. Não é racional? O mundo se continuar assim será destruído! Será?

O coerente de observar é que a cada época de falta de razão sucede uma com um culto a racionalidade, e até na própria falta da racionalidade ela é operada para sustentar as bases do mal. Hittler usava de suas verdades para convencer, Mussolini, Luis XIV todos eles sabiam que defender seu ponto de vista e convencer o povo de sua racionalidade.
A cada época de falta de racionalidade vem outra com racionalidade.o absolutismo consolidou suas bases numa falta pontual de racionalidade do povo em relação a argumentação política. Hittler mostrou para a Alemanha sua tese racional, mas o povo não foi racional.
Esta nossa época demonstra uma racionalidade ou falta de racionalidade? O que importa é que mudanças estão surgindo e quando há mudanças é sinônimo de que alguém está pensando. Foi assim ao longo dos tempos e continuará sempre assim...?

5 comentários:

  1. racionalidade é só uma ferramenta, um meio. Nunca um fim.
    Mas veja, só é possível conversarmos em termos de racionalidade. vc n vai conseguir convencer ngm sobre algo q vc acredita se n traduzir isso para os moldes racionais (prcincípio da identidade, n contradição, terceiro excluído...) caso contrário, esse interlocutor vai dizer: "não entendi"...
    paradoxal n?

    a grande questão está qndo a racionalidade serve de parâmetro p o agir, questao essa discutida por muitos grandes filósofos, dentre os quais Kant, Nietzsche. uns a levantam, outros a derrubam, e é possível q nunca chegemos a um resultado final, seguro, mas fiquemos apenas como a precariedade das mudanças dos acordos...

    Eduardo Constantino

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  2. Concordo que a racionalidade é um meio e nao um fim, mas discordo inteiramente da afirmação de que somente por meio dela, a razão, é possível convencer outras pessoas.
    Tal pensamento nos induz a um formalismo extremo, por vezes até teleológico, podendo em nada acresentar ao conhecimento.
    Além da razão, há de se considerar também os sentimentos, um homem nao é homem apenas por que pensa, mas porque consegue sentir mais que seus instintos. Nem sempre uma decisão é tomada sem que esteja fundamentada na razão: um escolha apelidada "irracional" ainda é uma escolha e pode servir para mover o povo. A fé cristã é um exemplo clássico: seu fundamento de persuasão e difusão dos ideais não está na razão em si, mas na fé. O que de mais irracional poderia existir que não a fé? Seria um subterfúgio da humanidade na tentativa de compreensão do que a ciência não consegue alcançar? Talvez. Isso, porém, não invalida que é possível, sim, difundir ideais fundamentados em algo além da razão.
    Para os que se questionam, ainda, se o "irracional" está além da razão, ao invés de aquém dela, pergunto baseada no exemplo da fé: Somos cegos por acreditar apenas no que vemos, ou porque desenvolvemos a capacidade ver aquilo que não se apresenta aos nossos sentidos?

    Bruna Mattos

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  3. mas veja, meu culto a razão é baseado no argumento de que quando há uma fé cega e irracional em determiando fato: religião, raça e etc há um anacronisco social evidente que só a razão poderia solucionar. não desprezo a fé, como vc brilhantemente expressou, mas sou cético quanto a alienação que esta pode causar. é o irracionalismo que provoca a manutenção de certas situações injustas e o comodismo de quem sofre. por isso cultuo a razão, como forma de libertação, não como forma de única e verdadeira ess~encia do espírito humano.

    agradecido pelo brilhante debate dos dois.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Acho que a Bruna se equivocou e me entendeu mal ou então não fui o suficiente claro. Eu falei no geral e ela entendeu no particular.

    O debate não é mais no racional "em si" - talvez pq n consigamos atingir o "algo em si", essencia ou o q quer q seja, coisa que o próprio Kant na sua famosa Crítica da Razão Pura constata os limites do conhecimento humano em relação ao meio que nos cerca.

    Quer dizer...acho que fui até mt claro! vejamos: usei "em termos de racionalidade" e "nos moldes racionais". É uma questão de forma e não conteúdo. Racionalidade na forma e não no conteúdo...questão gnoseológica e não axiológica; já não se admite mais tal confusão em filosofia.

    Quanto ao argumento da fé usado por ti, Bruna, acho q agora não é preciso mais comentar.

    Agora não entendi o porquê do: "podendo em nada acresentar ao conhecimento". Acho que vc fala em um conhecimento em um sentido mais específico, tipo, para a vida mais prática mesmo, n?

    Carpe Diem

    Eduaro Constantino

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