O petróleo Venezuelano foi o quintal dos EUA durante praticamente todo o século
XX, até que, em 1999, Hugo Chávez decide fechar as torneiras, não do petróleo,
mas dos lucros e dividendos que este produto trazia e passa a investir na
melhoria do seu país. A Venezuela sempre ficou entre os primeiros lugares na
produção de petróleo, até que recentemente foi divulgado que ela é a maior
produtora mundial de petróleo cru, superando a Arábia Saudita.
Acredito que todos já estão sabendo que o Presidente Chávez, da
Venezuela, está agonizando e sua morte é dada como certa pelos meios de
comunicação. A morte de Chávez não é só a morte de um presidente que é
anti-imperialista, ou que defende a União dos Estados Latino Americanos na
busca de sua identidade, se Chávez morrer, esta será a morte de um presidente
que controla a maior jazida de petróleo do mundo. O presidente que liderou a
OPEP no início do século XXI, para que esta tivesse uma produção petrolífera estável
a fim de não trazer instabilidade aos países produtores e conseguir um relativo
lucro para ser investido. Além de ser totalmente contra a inferência dos EUA
nos países produtores.
O petróleo é uma maldição! É assim como é conhecido o ouro negro. Maldição
para os países pobres, pois a descoberta do mesmo nestes países só trouxe
guerras, fome, desindustrialização e corrupção. Não há desenvolvimento,
diminuição da desigualdade social ou progresso, tudo porque “ A maldição do
petróleo” sempre operava em sentido contrário às promessas de melhoria. Ao
longo da história mundial, a partir do momento que o petróleo começou a ser
comercializado em escala global, a procura alucinante pelos países da Europa (Inglaterra
e Holanda) e os EUA, relembrava a procura por terras que Portugal e Espanha
tinham feito tempos atrás nas grandes navegações: dividiram o mundo entre os
dois. Com o petróleo, as empresas petrolíferas, sempre a procura de baratear a
produção e encontrar outras fontes de produção fora dos países de origem, para
não esgotar suas jazidas, dividiram o mundo entre si, tanto na descoberta das
jazidas, quanto na venda do petróleo, de forma que elas e somente elas pudessem
produzir e lucrar com o petróleo.
Iraque, Irã, Cazaquistão, Kuwait,Venezuela, Nigéria, Argélia e Líbia estão
entre os maiores produtores de petróleo do mundo. A semelhança entre eles?
Nenhum deles possui um desenvolvimento de sua sociedade digno de nota. Antes da
descoberta do petróleo tais países eram pobres, após a descoberta continuaram
(me refiro ao povo, já que os governantes, durante o século XX eram corruptos e
capachos dos EUA e criaram uma elite que tomava banho em banheira de ouro, enquanto
o povo agonizava de fome), e então você pode perguntar, mas como pode acontecer
isso, o petróleo vale muito dinheiro, países que produzem petróleo deveriam ter
uma infra-estrutura melhor que qualquer outro país, desenvolvimento educacional
e social diferenciado. Mas não é assim.
As grandes empresas que exploram o petróleo de tais países (excetuando a
Venezuela que possui petróleo estatal) no momento da descoberta das jazidas
prometeram levar investimentos, empregos, lucros e uma mudança social, mas isso
tudo não foi verdade. Elas exploravam o petróleo ficavam com a maior parte do
lucro e deixavam para o presidente (um capacho das empresas, uma fatia muito
pequena dos lucros, que não dava para ser investido em muita coisa, era um
roubo, assim como nas grandes navegações roubaram ouro e prata do novo mundo).
Todos esses países passaram por guerra civil, onde o interesse no petróleo
era o pano de fundo para aquela população que se matava; o interesse dos EUA
era manter as coisas como estavam. A dependência no petróleo como forma única
de produção nesses países traz um enfraquecimento de seu parque industrial,
suas moedas são desvalorizadas, seus governos se tornam corruptos e os
governantes tentam ficar no poder eternamente, tudo com o Aval dos EUA. E quando
o governo queria se tornar rebelde e não respeitar mais, eles alimentavam uma
guerra civil ou invadiam simplesmente (Irã, Iraque, Kuwait) e depunham os
ditadores colocados por eles mesmos e, se passando por paladinos da democracia colocavam
outros ditadores que prometiam fidelidade eterna em troca de lucros eternos. E o
povo continuava na miséria.
Na Venezuela o cenário era uma pequena elite muito rica e uma grande
parte da população muito pobre, com alta taxa de analfabetismo e também, com
alta taxa de mortalidade infantil. Tudo isso poderia ser ilógico se você levar
em conta que a Venezuela durante todo o século XX era entre as três maiores
produtoras de petróleo no mundo. O governo “democrático” não usava o dinheiro
do petróleo para investir no país, a corrupção e os contratos que priorizavam
as empresas Americanas deixavam o país na miséria, contrastando com os recordes
de produção e venda do ouro negro.
Hugo Chávez, quando chegou ao poder mudou todo o cenário, acelerou a
estatização das empresas petrolíferas, investiu os dividendos do petróleo em
educação, saúde e infra-estrutura para a população, e desde sua posse, a
desigualdade social tem diminuído vertiginosamente no país. Na Venezuela o
analfabetismo é quase zero, e a mortalidade infantil também. Isso a imprensa
imperialista não mostra. Durante todos os anos do governo tentaram derrubar Chávez
chamando-o de ditador, que estava devastando a Venezuela, quando na verdade o
governo dele trouxe a mudança social que o país precisava e o governo que a
imprensa defende devastou e deixou a Venezuela na miséria.
Deram um golpe de estado no ano de 2002, prenderam Chávez, mas a população
foi contra e no quarto dia da tentativa de golpe militar, que seria uma
ditadura das elites, Chávez foi solto da prisão e reconduzido a governar o país
de forma democrática. Tal tentativa de golpe é conhecida como “Puente Llaguno”;
é chocante ver a forma como as pessoas
foram mortas pelos militares e como os meios de comunicação da Venezuela
tentaram colocar a culpa em Chávez.
O governo de Chávez incomoda, primeiro porque ele controla a maior
reserva de petróleo do mundo, e manda seus lucros para o desenvolvimento do país.
A Venezuela não é uma ameaça militar a nenhum país, muito menos aos EUA. Embora este país tenha passado por um
desenvolvimento vertiginoso na última década, não se pode mudar em dez anos os
cem anos de exploração e roubo que o país sofreu. Então fica difícil entender
porque a Venezuela preocupa tanto os meios de comunicação e sua morte seria
aplaudida de pé e a resposta fica clara quando você conhece a história do país:
petróleo. Com a morte de Chávez ficará mais fácil para os EUA controlar o país,
retomar a privatização da empresas e lucrar mais. Enquanto isso a elite sonha
em voltar a nadar em dinheiro sem promover o desenvolvimento social necessário
A globo vibra a cada boletim que fala da saúde de Chávez, e o povo
brasileiro sem entender também. Os jornais não se preocupam em informar, mas em
desinformar e repassar noticias parciais da realidade do país e das mudanças
que ocorreram. Uma pena, quem perde somos nós, vibrando para que Hugo Chávez morra
sem saber quem de fato foi Chávez e torcendo para a devastação de um país.