quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Neutro? Nem sabão em pó, camarada.



A primeira vez que ouvi esta frase foi em 2008 quando eu era um pobre neófito no movimento estudantil e um amigo refutou a tese de outro que se dizia neutro na política. Essa frase me acompanha até hoje e já foi minha reflexão durante muitas horas, inclusive quando tentava dormir. Inevitável, quando ouço alguém bater no peito dizendo que é neutro, eu lembrar desse acontecimento, soltar um risinho e ficar com pena da ingenuidade dessa pessoa.

A neutralidade, que muitos se gabam em ter, na verdade não existe: neutro nem sabão em pó, camarada. Todo mundo carrega na sua vida um posicionamento sobre algo, algum aprendizado, alguma cicatriz ou algum valor que ao ver determinada situação pode demonstrar uma atitude brutalmente conservadora ou francamente libertária. Esse lampejo reacionário ou de esquerda não é estereótipo, são fatos, você, eu, todos nós podemos ter comportamentos, emitir frases, ou compartilhar uma visão que seria de determinada categoria política e isso não te faz ser dela, mas simplesmente mostra que você a reproduz, nem que seja indiretamente. Todos nós em algum momento da vida já tivemos atitudes que foram conservadoras ou não.

Para quem se diz neutro, ter um comportamento julgado como de esquerda ou de direita é uma afronta. Ele fica chateado, bate no peito e diz: “ ah esses revolucionários com seus estereótipos, eu sou neutro rapaz, não tenho comportamento conservador nem de esquerda, sou acima disso tudo”. Neutro? Nem sabão em pó, camarada.

Você pode ser imparcial, neutro jamais. A imparcialidade é não tomar partido, ou simplesmente ficar fora de levantar bandeiras ou expressar apoio a causa A ou B. Ser imparcial não é ser neutro, simplesmente porque neutro não existe. Você pode não ter bandeira nenhuma e mesmo assim ser um autêntico cara com idéias de esquerda, ou de direita, ou ambas, não importa.

No direito, muitos acreditam no mito do juiz neutro, que o juízo não pode tomar parte na causa, que deve decidir com neutralidade e etc. Troque neutralidade por imparcialidade e a frase fará sentido. A justiça precisa de juízes imparciais, que não tomem parte durante o processo (na vida privada ele pode sim ter um lado de preferência). O juiz imparcial é justo, trata com eqüidistância as partes e dificilmente comete injustiças.
O juiz neutro é uma lenda como a do saci pererê, não existe e jamais existirá, porque a neutralidade é algo impossível de se alcançar.

Somos seres humanos e como tal acabamos simpatizando com uma tese A ou B, isso não nos faz sermos partidários de A ou B, simplesmente simpatizamos. E essa simpatia não quebra a imparcialidade, você é imparcial, mas concorda com B, mas não milita com B. Porém, neutro jamais você será, pois você pensa, você vive, você transmite idéias e convence.e neutralidade é a ausência de idéias e pensamentos. Portanto meu amigo, sem esse papo furado, e sem vitimização, muito menos tentativa de heroísmo barato para tentar se vangloriar perante os outros, pois neutro, camarada, nem sabão em pó.

sábado, 12 de janeiro de 2013

O único interesse dos EUA na Venezuela é o petróleo!



O petróleo Venezuelano foi o quintal dos EUA durante praticamente todo o século XX, até que, em 1999, Hugo Chávez decide fechar as torneiras, não do petróleo, mas dos lucros e dividendos que este produto trazia e passa a investir na melhoria do seu país. A Venezuela sempre ficou entre os primeiros lugares na produção de petróleo, até que recentemente foi divulgado que ela é a maior produtora mundial de petróleo cru, superando a Arábia Saudita.

Acredito que todos já estão sabendo que o Presidente Chávez, da Venezuela, está agonizando e sua morte é dada como certa pelos meios de comunicação. A morte de Chávez não é só a morte de um presidente que é anti-imperialista, ou que defende a União dos Estados Latino Americanos na busca de sua identidade, se Chávez morrer, esta será a morte de um presidente que controla a maior jazida de petróleo do mundo. O presidente que liderou a OPEP no início do século XXI, para que esta tivesse uma produção petrolífera estável a fim de não trazer instabilidade aos países produtores e conseguir um relativo lucro para ser investido. Além de ser totalmente contra a inferência dos EUA nos países produtores.

O petróleo é uma maldição! É assim como é conhecido o ouro negro. Maldição para os países pobres, pois a descoberta do mesmo nestes países só trouxe guerras, fome, desindustrialização e corrupção. Não há desenvolvimento, diminuição da desigualdade social ou progresso, tudo porque “ A maldição do petróleo” sempre operava em sentido contrário às promessas de melhoria. Ao longo da história mundial, a partir do momento que o petróleo começou a ser comercializado em escala global, a procura alucinante pelos países da Europa (Inglaterra e Holanda) e os EUA, relembrava a procura por terras que Portugal e Espanha tinham feito tempos atrás nas grandes navegações: dividiram o mundo entre os dois. Com o petróleo, as empresas petrolíferas, sempre a procura de baratear a produção e encontrar outras fontes de produção fora dos países de origem, para não esgotar suas jazidas, dividiram o mundo entre si, tanto na descoberta das jazidas, quanto na venda do petróleo, de forma que elas e somente elas pudessem produzir e lucrar com o petróleo.

Iraque, Irã, Cazaquistão, Kuwait,Venezuela, Nigéria, Argélia e Líbia estão entre os maiores produtores de petróleo do mundo. A semelhança entre eles? Nenhum deles possui um desenvolvimento de sua sociedade digno de nota. Antes da descoberta do petróleo tais países eram pobres, após a descoberta continuaram (me refiro ao povo, já que os governantes, durante o século XX eram corruptos e capachos dos EUA e criaram uma elite que tomava banho em banheira de ouro, enquanto o povo agonizava de fome), e então você pode perguntar, mas como pode acontecer isso, o petróleo vale muito dinheiro, países que produzem petróleo deveriam ter uma infra-estrutura melhor que qualquer outro país, desenvolvimento educacional e social diferenciado. Mas não é assim.

As grandes empresas que exploram o petróleo de tais países (excetuando a Venezuela que possui petróleo estatal) no momento da descoberta das jazidas prometeram levar investimentos, empregos, lucros e uma mudança social, mas isso tudo não foi verdade. Elas exploravam o petróleo ficavam com a maior parte do lucro e deixavam para o presidente (um capacho das empresas, uma fatia muito pequena dos lucros, que não dava para ser investido em muita coisa, era um roubo, assim como nas grandes navegações roubaram ouro e prata do novo mundo).

Todos esses países passaram por guerra civil, onde o interesse no petróleo era o pano de fundo para aquela população que se matava; o interesse dos EUA era manter as coisas como estavam. A dependência no petróleo como forma única de produção nesses países traz um enfraquecimento de seu parque industrial, suas moedas são desvalorizadas, seus governos se tornam corruptos e os governantes tentam ficar no poder eternamente, tudo com o Aval dos EUA. E quando o governo queria se tornar rebelde e não respeitar mais, eles alimentavam uma guerra civil ou invadiam simplesmente (Irã, Iraque, Kuwait) e depunham os ditadores colocados por eles mesmos e, se passando por paladinos da democracia colocavam outros ditadores que prometiam fidelidade eterna em troca de lucros eternos. E o povo continuava na miséria.

Na Venezuela o cenário era uma pequena elite muito rica e uma grande parte da população muito pobre, com alta taxa de analfabetismo e também, com alta taxa de mortalidade infantil. Tudo isso poderia ser ilógico se você levar em conta que a Venezuela durante todo o século XX era entre as três maiores produtoras de petróleo no mundo. O governo “democrático” não usava o dinheiro do petróleo para investir no país, a corrupção e os contratos que priorizavam as empresas Americanas deixavam o país na miséria, contrastando com os recordes de produção e venda do ouro negro.

Hugo Chávez, quando chegou ao poder mudou todo o cenário, acelerou a estatização das empresas petrolíferas, investiu os dividendos do petróleo em educação, saúde e infra-estrutura para a população, e desde sua posse, a desigualdade social tem diminuído vertiginosamente no país. Na Venezuela o analfabetismo é quase zero, e a mortalidade infantil também. Isso a imprensa imperialista não mostra. Durante todos os anos do governo tentaram derrubar Chávez chamando-o de ditador, que estava devastando a Venezuela, quando na verdade o governo dele trouxe a mudança social que o país precisava e o governo que a imprensa defende devastou e deixou a Venezuela na miséria.

Deram um golpe de estado no ano de 2002, prenderam Chávez, mas a população foi contra e no quarto dia da tentativa de golpe militar, que seria uma ditadura das elites, Chávez foi solto da prisão e reconduzido a governar o país de forma democrática. Tal tentativa de golpe é conhecida como “Puente Llaguno”; é  chocante ver a forma como as pessoas foram mortas pelos militares e como os meios de comunicação da Venezuela tentaram colocar a culpa em Chávez.

O governo de Chávez incomoda, primeiro porque ele controla a maior reserva de petróleo do mundo, e manda seus lucros para o desenvolvimento do país. A Venezuela não é uma ameaça militar a nenhum país, muito menos aos EUA.  Embora este país tenha passado por um desenvolvimento vertiginoso na última década, não se pode mudar em dez anos os cem anos de exploração e roubo que o país sofreu. Então fica difícil entender porque a Venezuela preocupa tanto os meios de comunicação e sua morte seria aplaudida de pé e a resposta fica clara quando você conhece a história do país: petróleo. Com a morte de Chávez ficará mais fácil para os EUA controlar o país, retomar a privatização da empresas e lucrar mais. Enquanto isso a elite sonha em voltar a nadar em dinheiro sem promover o desenvolvimento social necessário

A globo vibra a cada boletim que fala da saúde de Chávez, e o povo brasileiro sem entender também. Os jornais não se preocupam em informar, mas em desinformar e repassar noticias parciais da realidade do país e das mudanças que ocorreram. Uma pena, quem perde somos nós, vibrando para que Hugo Chávez morra sem saber quem de fato foi Chávez e torcendo para a devastação de um país.