sábado, 26 de fevereiro de 2011

O último canto do pássaro




Eu que era tão certo de minhas convicções
Do meu ponto de vista.
Eu que era tão certo sobre os destinos da vida
Sobre a vida e  a morte
Eu que era tão certeiro sobre as coisas do amor
Sobre as pessoas

Eu que parecia tão seguro e tão ciente de meu passos
Eu que jamais havia derrubado uma lágrima de dor
Me vi perdido, sozinho e sem filosofia.

Foi então que percebi que tudo que possuía não passava
De um pilar que ruiu por um simples detalhe, faltou-me a coragem de admitir que era humano.

E como humano também sofria das pequenas coisas
Mesquinhas e medíocres que batem na alma
Como humano eu também desconhecia muitas coisas
E sabia muito pouco de outras que achava que conhecia.

Mas eu, sempre tive opinião sobre tudo
Me vi sem opinião sobre pequenos acontecimentos
Tão simplórios
Onde está o senhor das filosofias e da verdade
Preciso reconstruir meu ser, toda a essência e uma vida.
Mas não há nada no momento, apenas dor.

O que pode nascer da dor?
Um filho? Uma revolta? Uma arma? Uma bomba?
Da dor nascem feridas e das feridas nascem objetivos

Eu que era tão cheio de mim
Me vi vazio olhando no espelho
Eu que era tão certo, tão completo, tão verdadeiro
Senti dentro do peito o vazio de uma alma medíocre.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Na Hora da Morte


Estava ele sentado com sua melhor roupa, fumando seu melhor cachimbo com a boca cheia de dentes brancos e escovados. O olhar estava vazio, o vácuo trazia a esperança. Respirou profundamente até não mais entrar oxigênio em suas narinas.
- Você demorou a chegar.
- Uma vida inteira.
- Por que demorou tanto?
- Não era seu tempo até hoje.
A morte procurou uma cadeira, viu que tinha uma atrás de si e trouxe-a olhando fixamente para o Sr, embora este não pudesse ver a cara da morte, nem olhos nem nada, encarou-a como o trunfo de uma vida.
- Por que você me esperou tanto, perguntou a morte?
- Já morri faz 10 anos, você que esqueceu de mim.
- Não, você morreu faz 5 minutos.
- Não, você está completamente equivocada, morri faz 10 anos.
- Meu caro, dos assuntos da vida e da morte eu entendo.
- Da vida? Você sabe o que é a vida? Você só sabe da morte.
- Eu sei quando as pessoas morrem, você morreu faz pouco tempo. Sei que a vida é transitória e comprovo isso todos os dias. Você que morreu agora tem algum desejo? Quer ver alguém? Quer fazer algo?
-  No dia que ela morreu não tirei a roupa que fui ao enterro, cheguei em casa, peguei minha poltrona, suspirei longamente e comecei a esperar por você. Você realmente acha que quero fazer algo depois de morto? Não queria vivo, não quero morto.
- Você é durão, sua vida foi boa, seu amor foi grande.
- O que é a vida?
- Vida é um estágio antes da morte. Minha função é levar as almas, acabar com a prisão delas neste corpo medíocre e insignificante. Como as pessoas são tolas, como são fracas, acham que a morte é a prisão. Morrer é a libertação! Livre arbítrio? Vocês não sabem o que é livre arbítrio!
- Você fala demais.
A morte calou, levantou-se, olhou o Sr. e disse:
- Levante-se, eu não tenho toda a eternidade para você
- Pois não.
A morte jamais tinha visto alguém tão natural e tão seco na hora de encontrar com ela, a morte. Muitos choram, pedem e imploram para voltar, mas não voltam!
- Você agora está oficialmente morto, os prazeres da carne foram-se, ódio, pecado e dor não existem a partir de agora.
- Vamos.
Não teve medo, não teve dor, sua morte foi o momento mais aguardado de sua vida. Finalmente chegou seu dia. O que mais queria? Só pensava em finalmente encontrar o seu amor.
- Morte, uma última pergunta, quando você morreu?
- A morte não morreu, ela está viva.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fim de tarde


Que todos os teus sorrisos sejam sempre dados em minha presença para que possa admirar e viver essa nossa nova cumplicidade.

Para que haja a leveza, cada toque que eu dê em seu rosto seja respondido com o formato da felicidade em sua face

Pois para mim, nada é mais importante que a alegria que posso dar a quem procuro apenas amar.

Nada do que temos podemos guardar se não formos sinceros até com nossos medos, mas esse teu sorriso não esconde segredos.

Me escreva, me dê um toque de alegria, quem sabe esta euforia quando irá parar.

Apenas peço para não fraquejar quando faltar as forças e os olhos quiserem fechar, apenas lembre, lembre que um dia você teve um motivo e sonhou acordada.

De tão pequenas palavras, de tão poucas linhas, escondem tantas entrelinhas...